Respondendo aos nossos visitantes ...
Apenas alguns pensamentos em forma de resposta àqueles que amavelmente comentaram o meu post anterior...
Para o Sr. L0rDgReEN: acha que as políticas de crescimento da taxa de natalidade de Portugal ou, já agora, de qualquer país civilizado passa, sobretudo, pela questão do aborto? Acha que foi isso que aconteceu na Alemanha? Não acha que é muito mais relevante outros factores como o crescimento económico, qualidade de vida ou incentivos à diminuição dos custos (mesmo através de políticas fiscais!) com a educação e crescimento dos filhos? Lanço-lhe um desafio: repare na lei do aborto nos países europeus mais novos e com crescimento populacional e verá uma enorme surpresa! Aliás, repare como é notável que na extraordinária África, onde a popualação é muito jovem e com taxas de natalidade bombásticas e diga-me que se seguir o exmplo deles! Eu não! E, ainda para o senhor, uma outra nota: Votem "SIM" para matarem as crianças que vos apetecer: eis o tipo de argumento que, de facto, enriquece a valia argumentativa de todos aqueles que defendem o Não!! É precisamente este tipo de discurso que é desnecessário e, perdoe-me, infantil! Nesta discussão não há uma única pessoa do Sim e do Não que seja a favor da morte! Aliás, eu não aconselho ou sugiro o aborto a uma filha, mas se após uma luta for te da minha parte para convencê-la a não o fazer a mesma o queira fazer acha que eu a vou denunciar ou chamá-la criminosa e colcoar as malas dela fora de casa? Não, claro que não! E o senhor... fará isso? Em coerência com o que defende, terá de o fazer! A nossaa distinção é simples: face a um ultíssimo recurso que é o aborto, eu não o criminalizo, eu não o descrinalizo! Repito: o aborto como ultíssimo recurso!! Portanto, não me chame de criminoso ou terrosrista que outros já o fizeram, pelo que apelo à sua originalidade!
Para o nosso anónimo -:
de facto, e de acordo com a Constituição, o Estado é laico! Infelizmente, terei de referir que o Estado deveria ser laico! E o Código Penal deve reger-se, obviamente, pela Constituição, daí que Vital Moreira esteja tecnicamente e moralmente correcto: um Estado laico não deve pautar o seu Código Penal pelas normas religiosas. Curiosamente, e se viu o debate na RTP, Vital Moreira até foi bastante omisso em relação à questão da Igreja! Pessoalmente, acho que a Igreja, enquanto entidade com responsabilidade sociais importantes e históricas - que devem ser louvadas - pode e deve afirmar a sua opinião! Porém, penso que terá de o fazer de acordo com as mais elementares regras de cortesia, educação e sentido pedagógico (aplicando a ambos os lados!) e não recorrendo a argumentos de manipulação psicológica juntos dos seus fiéis e restante sociedade! E digo-lhe mais: enquanto defensor do "Sim", acho que a Igreja, de uma maneira geral, até tem estado a comportar-se muito bem nesta discussão! Repito: de uma maneira geral! Também gostava de referir que não vejo nenhuma Guerra Santa ao contrário como afirma! Acho que a Igreja tem algumas falhas na sua credibilidade no que diz respeito ao argumento da defesa e preservação da vida (que, aliás, já expliquei aqui no blog!), mas acho a sua participação neste referendo é bem vinda se for construtiva!
Em relação à história que nos trouxe, deixe-me pegar nas suas palavras:
O (ex-) marido deseja ter o filho. A restante família deseja o filho. Não têm palavra a dizer. Entra com uma cautelar, que de nada serve. O aborto realiza-se, perante a actual lei. Há solução para este caso?
Começo por dizer que há vários estudos (por favor, consulte o blog do Júlio Machado Vaz) que indicam uma alteração drástica da educação e carinho dada aos filhos indesejados por parte de uma mãe a quem lhe foi negado o aborto; usando uma imagem mais forte, se encontrar um filho morto no rio ou o seu carro for assaltado por um filho cuja educação foi fruto dessa tragédia, a quem é que vamos pedir responsabilidades? Ao médico que recusou o aborto? Aos defensores do "Não"? À Mãe que, de facto, não queria aquele filho (os dilemas morais deixo-o a discutir com ela, porque na prática é o que acontece e interessa-me, sobretudo, a questão prática!)? Se vai pedir satisfações ou reembolsos aos que mencionei, sabe que não terá muita sorte... não quero dizer, como é óbvio, que isto acontece em todos os casos, mas estatísticamente há essa presença e realidade!
O que eu acho verdadeiramente interessante nesta sua história, que já ouvi muitas vezes como prova argumentativa do lado do "Não", é que peca, irónicamente, naquilo que nos apontam: no seu radicalismo! Com isto quero dizer que o senhor tem exactamente o mesmo detestável estereótipo que associam (com interesses evidentes!) aos defensores do "Sim"! Mas alguma vez viu algum defensor do "Sim" dizer que atirava imediatamente para uma marquesa uma mulher que duvidasse da sua vontade em ter um filho? Se ouviu, deixe-me que lhe diga que essa pessoa é tão extremista como muitos dos que estão do seu lado!! Como já referi acima, eu entendo o aborto como última hipótese, mas sempre como última hipótese, e havendo sempre antes um sessão de esclarecimento entre a mulher e profissionais da área da medicina e da psicologia!
Deixe-me indicar-lhe este artigo do Potugal Diário; chamo-lhe a atenção para alguns aspectos: já reparou como é a lei nos outros países da Europa e quais os países que têm uma lei semelhante à nossa? E, já agora, como é a lei nos países europeus com crescimento populacional ou com uma população mais jovem? No fundo, o que eu quero dizer é que, por exemplo, o caso da Bélgica é algo que me agrada e que me parece razoável mas mesmo a lei que é apresentada neste referendo português é menos ambiciosa do que a que existe na Bélgica!! Já para não falar do caso do Canadá, um país evoluído e com uma taxa de crescimento positivo servindo esta nota também para o nosso amigo L0rDgReEN...
De qulquer forma, obrigado pelas vossas contribuições para esta discussão e espero que possam passar por aqui mais vezes! :)