quinta-feira, janeiro 4

Sempre pensei não ser necessário falar abertamente e com todos os "S" e "R" sobre esta temática. Sempre pensei que tinha sito tratada até à exaustão no passado, aquando do primeiro referendo para a votação da despenalização da interrupção voluntária da gravidez. Enganei-me. A sociedade portuguesa continua presa a padrões religiosos extremados e a noções algo distorcidas de biologia que são utilizadas até à exaustão na defesa de pontos de vista que mais não são que isso mesmo, pontos de vista (passe a redundância).
Na sua essência não sou favorável ao aborto, considerando o acto sexual como um acto de necessária responsabilidade, mas não vou criar ilusões e ceder ao comentário demagógico que a chave está na educação da população, no civismo, no amor ao próximo e a nós mesmos. Não vou ser hipócrita, mostrar-me contra a interrupção da gravidez e, por azar do destino, calhando-me em rifa uma gravidez não planeada, abortar clandestinamente e bater com a mão no peito dizendo que o aborto é um crime. Considero que tenho o direito de não pôr uma criança no mundo e poderia elencar um sem número de razões para tal. Não o faço porque não estou em campanha eleitoral e não quero convencer ninguém. Não sou dona da razão mas tenho direito à minha opinião. E dia 11 de Fevereiro irei votar, sem margem para dúvidas, favoravelmente, quanto mais não seja porque votar a despenalização do aborto não me coloca numa marquesa de clínica a fazer um aborto se não for essa a minha vontade. Apenas permite que mulheres não sejam marginalizadas e condenadas a penas ridículas de prisão por considerarem que não têm condições económicas, físicas, psicológicas ou apenas porque o apelo da maternidade não lhes bateu à porta. Parece-me preferível a situações precárias, maus-tratos, carências e, mais que tudo demagogias e hipócrisia.
Para finalizar pego nas palavras do FMSG. Onde considera a Igreja que está a solução para este problema se não é permitida a utilização de meios anticoncepcionais? Na hipócrisia da abstinência sexual ou no coito interrompido?

Powered by Blogger