sábado, abril 29

Cada lugar teu

Sei de cor cada lugar teu
atado em mim, a cada lugar meu
tento entender o rumo que a vida nos faz tomar
tento esquecer a mágoa
guardar só o que é bom de guardar

Pensa em mim, protege o que eu te dou
Eu penso em ti e dou-te o que de melhor eu sou
sem ter defesas que me façam falhar
nesse lugar mais dentro
onde só chega quem não tem medo de naufragar

Fica em mim que hoje o tempo dói
como se arrancassem tudo o que já foi
e até o que virá e até o que eu sonhei
diz-me que vais guardar e abraçar

tudo o que eu te dei

Mesmo que a vida mude os nossos sentidos
e o mundo nos leve pra longe de nós
e que um dia o tempo pareça perdido
e tudo se desfaça num gesto só

Eu vou guardar cada lugar teu
ancorado em cada lugar meu
e hoje apenas isso me faz acreditar
que eu vou chegar contigo
onde só chega quem não tem medo de naufragar.


Mafalda Veiga

Foto - Viagem pelo Porto Ribeirinho...

Por razões profissionais (e não só!), hoje tive de me dirigir até aos Cais de Gaia. Como ainda não tinha o meu carro disponível, Deus ofereceu-me um dia absolutamente fabuloso... ao sair da estação de metro de S. Bento, lembrei-me de utilizar a minha máquina fotográfica/telemóvel e tirar algumas fotos! Partilho aqui apenas algumas, as melhores...




A Ribeira... de noite, de dia, um local absolutamente fascinante! Depois das obras de requalificação, é mais convidativa, mais charmosa, mais Senhora! Um cafézinho debaixo daqueles toldos, tendo como companhia a Ponte D. Luís é um momento investido no prazer de ser-se humano e de contemplar a obra do Homem e da Natureza em perfeita comunhão! Um ponto de encontro de amigos, viajantes, turistas de dentro e de fora que se deixam banhar pelas reboliças águas do Douro... de noite, a ponte iluminada pelo néon laranja e o Mosteiro do Pilar com a sua imponência emocionam o menos sensível dos mortais!


Esta foto foi tirada a partir dos fragmentos da uma das mais antigas pontes do Porto: a ponte Pênsil! Começou a ser construída em 2 de Maio de 1841 e foi aberta ao trânsito a 17 de Fevereiro de 1843, respondendo ao crescente tráfego entre Porto e Gaia e que já não conseguia ser suportado pela Ponte das Barcas, a ponte anterior à Ponte Pênsil.

Nesta foto, repare-se para o tabuleiro inferior, o único aberto ao tráfego rodoviário e, do outro lado da ponte, no cimo, o Mosteiro do Pilar.

Repare-se também, na foto abaixo, para os pilares desta antiga ponte do Porto...


Realmente imponentes... ao cimo, a presença marcante da História viva do Porto:a muralha Fernandina! Mas a viagem prossegue...


Já do outro lado da ponte, vemos, contextualizado, os pilares da Ponte Pênsil protegidos pela irmã mais velha, a sempre bela Ponte D. Luís, sonhada e projectada por Teófilo Seyrig. Os seus 395 metros de comprimento e as mais de 3000 toneladas de ferro resistiram ao tempo e vestiram-se de modernidade quando aceitou a passagem do Metro no seu tabuleiro superior... a sua "irmã gémea", a ponte D. Maria, é o exemplo de um destino completamente oposto: abandonada, suja... não, não merecia... assim de destrói o orgulho e a auto-estima de um povo!


Para terminar, como não podia deixar de ser, o barco Rabelo, ex-líbris do Porto, embaixador cultural e visual de toda uma região! Até meados do séc. XX a sua utilização ainda era algo de regular, transportando cascos de vinho e até pessoas... mas há relatos que nos levam até ao remoto séc. XIII que provam a existência de embarcações deste tipo para o transporte de carga e pessoas ao longo do Rio Douro! Em três dias, viaja 150kms entre a Régua e o Porto...

A viagem termina aqui, por entre o Sol e a promessa solene de que, um dia não muito distante, este caminho pela História e pelas Estórias voltará!

quinta-feira, abril 27

A semana mais esperada do ano...

Feitiços

Lying under this spell you cast on me
DMB

Acordou naquela manhã a pensar no passado. Nos nós partidos com violência e lágrimas, na raiva com que a linha do tempo foi tratada e nas memórias propositadamente deixadas ao pó. Naquele dia, com os nós desatados e a linha finalmente de volta ao estado (mais ou menos) inicial, as memórias ressurgiam e o tempo perdido e gasto magoava no peito, talvez mais ainda que o tempo agora não vivido.
Ainda assim percorre o dia com a linha do tempo bem fechada na mão. E sorri. Sorri pensando mil vezes nas manhãs desperdiçadas pelo sono e nas palavras mil vezes GRITADAS ao ouvido.

Sabes? Não te perco mais.

quarta-feira, abril 26

Vá... caladinho.. senta, rebola... isso... senão não levas rebuçadinho!

Atráves do Flores e Abelhas, fiquei a saber os seguintes episódios da telenovela "25 de Abril?? Qual 25 de Abril??"...

Reagindo às críticas que a USP fez a propósito da retirada dos cartazes sobre o 25 de Abril, na passada quinta-feira, a autarquia endereçou ontem uma carta à união sindical dizendo que quem solicita apoios ao município deve abster-se de o hostilizar. A mesma carta, escrita em nome do presidente da autarquia, Rui Rio, considera que as críticas feitas pela USP visaram convencer a opinião pública de que o executivo é contra as comemorações do 25 de Abril. Posto isso, a autarquia decidiu suspender os apoios financeiros (aos festejos do 25 de Abril) até que a USP clarifique a sua posição de aceitação ou recusa dos princípios enunciados na mesma carta.

Natália Faria
Jornal Público
25 de Abril de 2006

Preparem-se... o 1 de Maio vem aí!

terça-feira, abril 25

A ler os meus pensamentos... :)


Tanto tempo pra pensar
Mas no meio da correria acho que não deu
Eu tentando consertar a nossa história
Mas sem a sua ajuda não aconteceu

Acontece que se fosse esperta
E desse tempo ao tempo
Não seria assim
Sugando tudo o que tenho de forças
Eu já não estou querendo mais você pra mim

Infelizmente é assim
Termina-se uma história
Que a gente mal começou
Se tomasse cuidado com meus sentimentos
Talvez meu coração ainda fosse seu

Esse final não me agradou
E o nosso entendimento
Não aconteceu
Eu que lutei um dia pra te ter ao meu lado
Agora eu te confesso
Quem não te quer sou eu

Fui eu quem te dei
O primeiro beijo
O primeiro toque
A primeira canção
Se realmente quer ficar comigo
Não faz bola de meia com meu coração.

Tanto tempo, tanto...

segunda-feira, abril 24

Dúvida...

Será crime dormir até à 1 ao domingo?

sábado, abril 22

Parabéns FCP!



Foi uma conquista merecida e sem suspeições! Glória ao vencedor FCP e a todos os portistas racionais!!

sexta-feira, abril 21

Early Morning News

As tropelias do menino Ruizinho...

Câmara do Porto retira cartazes do 25 de Abril

Deprimente, baixo, ditadorial e em oposição com o espírito da cidade... eis, em resumo, a gestão de Rui Rio!

quinta-feira, abril 20

Eu não sei quem te perdeu

Depois de a cantar ontem umas poucas de vezes e de ter ficado com ela a martelar na cabeça exorciso-a aqui.

Quando veio
mostrou-me as mãos vazias
As mãos como os meus dias
tão leves e banais
E pediu-me que lhe levasse o medo,
Eu disse-lhe um segredo:
Não partas nunca mais.

E dançou
Rodou no chão molhado
Num beijo apertado
De barco contra o cais.

E uma asa voa
A cada beijo teu
Esta noite
Sou dono do céu
E eu não sei quem te perdeu.

Abraçou-me
Como se abraça o tempo,
A vida num momento
Em gestos nunca iguais.
E parou,
Cantou contra o meu peito
Num beijo imperfeito
Roubado nos umbrais.

E partiu,
Sem me dizer o nome
Levando-me o perfume
De tantas noites mais.

E uma asa voa
A cada beijo teu
Esta noite
Sou dono do céu
E eu não sei quem te perdeu.

Pedro Abrunhosa

:)

terça-feira, abril 18

Definitivamente, vale a pena perder umas horitas.

Cada vez mais me convenço que a minha vida dava um filme! Não posso fazer como aquelas pessoas que se queixam de vida monótona e sem nada para contar ou fazer. Estou na dúvida do género a adoptar, comédia nonsense ou humor negro. O realizador teria de ser alguém como o Woody Allen ou o Spike Lee. O Título? Estou na dúvida entre plagiar Os Deuses Devem Estar Loucos ou Duques e Cenas Tristes. =D


O êxito era garantido. As bilheteiras não conseguiriam ter mãos a medir com os euros, as televisões faziam fila para falar com os actores e mais tempo de antena só mesmo os Morangos com Açúcar...

Sai-me cada uma na rifa! :P

domingo, abril 16

Porque razão o Porto é... especial!


... só no Porto...

A rua com a "imensidade espacial" representada aqui ao lado tem a enigmática denominação de Rua do... Universo!

Dia Mundial da Voz

Parece que hoje é o Dia Mundial da Voz.
O jornalistas vêm para a televisão, no alto da sua sapiência, dizer que grupos de risco como os professores devem ter o máximo de cuidado e não gritar ou forçar a voz. Para eles, uma prenda em forma de folar da Páscoa:
2 horas na escola do Loreto...

eu ouço cada barbaridade! Só me apetece gritar :P

Páscoa

Custa-me o dia de Páscoa. Como me custa o Natal ou todas as festas de família que deixaram de ter sentido desde o dia em que o meu avô (o meu pai) nos deixou. Mando as mensagens de Boa Páscoa porque é quase uma instituição e se não o faço chovem insultos dos amigos e familiares. Mas não gosto da Páscoa.
Ainda assim hoje não saio de casa. A contradição instala-se. Vim de Lisboa propositadamente para almoçar com a família e sentir-me-ia mal se não o fizesse. E as recordações instalam-se. As férias da Páscoa passadas na aldeia com toda a família, a vontade de estar com os meus primos porque tinham um computador e que me deixavam o tempo todo a jogar pacman e solitário. A matança do porco. Fugir como o diabo da cruz quando vinha o padre com o menino para beijar (sempre achei uma valente porcaria). A missa a que sempre me esquivei. A alegria.
Que seca. Hoje sofro do síndrome do Peter Pan e apetecia-me parar o tempo no passado. Lá, bem longe, quando o mundo fazia sentido e como dizia Pessoa "eu era feliz e ninguém estava morto".

Memórias de um beijo

Lembras-me uma marcha de Lisboa
Num desfile singular,
Quem disse
Que há horas e momentos para se amar

Lembras-me uma enchente de maré
Com uma calma matinal
Quem foi
Quem disse
Que o mar dos olhos também sabe a sal

As memórias são
Como livros escondidos no pó
As lembranças são
Os sorrisos que queremos rever, devagar

Queria viver tudo numa noite
Sem perder a procurar
O tempo, ou o espaço
Quem é indiferente p'ra poder sonhar

Quem foi que provocou vontades
e atiçou as tempestades
e amarrou o barco ao cais
Quem foi que matou o desejo
E arrancou o lábio ao beijo
E amainou os vendavais

Devagar...

João Gil / Luís Represas

quinta-feira, abril 13

A refinada ironia do Universo...

é levar um estrondo de um veículo pesado (my fault), ficar com metade do carro empenado e, no final, ficar amigo do condutor do pesado... é verdade, aconteceu comigo! A chocar de novo, que seja novamente com ele! Se não for com ele, que a culpa seja do outro, porque só o arranjo custa quase tanto como o valor comercial do meu bólide!

É verdade, aconteceu comigo...

Tenho de viver já, senão esqueço-me.

Mia Couto

quarta-feira, abril 12

Haverá maneira mais simples de pôr as coisas?

A insensibilidade das respostas secas enquanto fuga ao agonismo das dúvidas fundas.

Bruno Sena Martins

Dúvida existencial...

Andar fora da graça de Deus, quando se não é católico, é necessariamente mau?

segunda-feira, abril 10



Abriu todas as portas e janelas de casa.
Esperou sentada a um canto, pacientemente, o vento.
Ele levaria os cheiros, as memórias, as mentiras (em actos e omissões como na Salvé Rainha), os sorrisos, as noites perdidas, os enganos e os sonhos. Ia levá-los lá para o fim do mundo para os entregar ao ladrão que salta de olhos fechados o Pulo do Lobo e se perde de vista para não mais voltar. Este sorriu porque há muito esperava a chegada do vento. Encolheu os ombros e desviou o olhar, murmurando que era a vida e que quem dá o que tem a mais não é obrigado. Abriu o saco, de forma repentina e desinteressada, e colocou lá dentro, num gesto estupidamente simbólico, o presente de Natal envenenado. Sorriu novamente com todos os dentes que não tinha e desapareceu.
Nas águas revoltas do rio distante que nunca se sentiu o toque ou o sabor ficou apenas isso, água. Nada se alterou. A paisagem continua a mesma. As três árvores perspegadas no caminho para a civilização também. Inabaláveis. A estrela d'Alva, mesmo sem o Zeca, continua a vir de madrugada. E Viana do Castelo continua na Beira. E Castelo Branco no Minho. Espera... Ou será ao contrário?
Levantou-se, fechou portas e janelas e sorriu.
Encolheu os ombros e murmurou entre dentes que era a vida e quem dá o que tem a mais não é obrigado.
O rio de cá é igual ao de lá. Corre desalvoreado e não são as pedras no caminho que o desviam do mar. Porque o rio não espera. E ela também não.

domingo, abril 9

toma lá que é para almoçares :P


Ao perder-te a ti perdemos os dois
eu porque tu eras o que eu mais amava
e tu porque eu era quem mais te amava.
Mas de nós os dois és tu quem perde mais
porque eu poderei amar outras como te amava a ti
mas a ti não te hão-de amar como eu te amava.

Ernesto Cardenal

sexta-feira, abril 7

A repetir 10 vezes ao dia...

Estou apaixonado
Ou penso que estou
E amo-te. E digo que te amo.
Mas não consigo escrever
Uma linha que seja
sobre isso. E duvido
Duvido desse amor
E escrevo um breve poema
de que gosto muito
a dizer-te adeus
E deixo de te amar.

Luís Ene

quarta-feira, abril 5

A verdade é um erro à espera de vez.

Vergílio Ferreira

António Lobo Antunes.

Estou neste momento a ver, na 2, o programa Por Outro Lado; o convidado de hoje é o António Lobo Antunes (ALA)! Preciso de escrever este post... mas de uma maneira gritante!
Ele pode ser um excelente escritor (e acredito que o seja, apesar de não ser apreciador do estilo!) e um homem fascinante, mas... muito mais do que perturbador, causa-me uma profunda irritação a comunicação não verbal que ele exibe em qualquer aparição televisiva! Dá sempre a ideia que está a fazer um valente frete e que, por ele, não perderia muito tempo a dialogar com pessoas que ele possa achar inferiores! E irrita-se... parece que está sempre irritado com uma pergunta mais profunda que lhe façam... surpreendentemente, a Ana Dias está a conduzir esta entrevista com demasiada reverência, com medo!

Eu posso ser muito antiquado ou até muito pouco inteligente... mas eu sou um daqueles leitores que sente que tem de se apaixonar pelo escritor(a) para que a obra do mesmo seja melhor acolhida! Há toda uma envolvência, uma necessidade que tenho de perceber com que entusiasmo um escritor permite partilhar a sua criatividade e intimidade com os seus leitores! E António Lobo Antunes, nesse aspecto, não ajuda...

Uma última nota, ainda sobre ALA: o seu livro de compilações de cartas escritas na guerra dirigidas à sua mulher é, a meu ver, um acto de enorme risco e até irresponsabilidade! A intimidade é bela quando partilhada até um certo nível; mais do que isso é expôr uma violação de privacidade em público com um cheiro comercial... e ALA não tinha a mínima necessidade de correr esse risco, até porque em todas as suas entrevistas mostra ser uma pessoa que preserva tremendamente o seu mundo interior!

Num futuro post prometo falar deste mini-escândalo que envolve a Margarida Rebelo Pinto... para já, limito-me a dizer o seguinte: ela estava a pedi-las!

terça-feira, abril 4

Boatos II

Parece que o Marcel foi convocado para o jogo de amanhã em terras de Espanha...
Já me doi a barriga...
Não sei se é da famosa "indisposição" que o Marcel colocou nos anais da história da instituição que não soube respeitar ou se é de não conseguir parar de rir...

Boatos

Chovem perguntas no nosso mail!! Onde andam os editores deste blog? Onde está a AC? É o delírio...
Segundo sei, o FMSG anda por terras quentes. Chegou a Primavera e ele pegou na sua Dama (com sotaque) e rumaram a paragens quentes em todos os aspectos... =D
O RR está a escrever um livro de um novo heterónimo e a AC, já que a primavera e os passarinhos não chegam a Coimbra, continua a trabalhar e a emagrecer que nem uma louca (sim, porque ela é gorda). Parece que ela e o FMSG não chegaram a acordo acerca do ordenado dela... shiuuuuuuu....
Não temos vida para a fama!! =D

Powered by Blogger