quarta-feira, fevereiro 28

"Grandes Portugueses"

Assisti ontem pela primeira vez à campanha eleitoral feita pela RTP para a selecção do maior português de todos os tempos. Se já não me fazia sentido tal género de programa, a situação agudizou-se ainda mais. Comparar Camões a Fernando Pessoa, D. João a Aristides Sousa Mendes e outros quejandos é perguntar a uma criança se gosta mais do papá ou da mamã. É regra basilar que não se comparam coisas diferentes e, mais ainda, a importância e a qualidade de grande português não pode ser medida de forma quase aleatória.Provenho de uma geração em que Camões era tido como centro fundamental da literatura, ao mesmo tempo que Fernando Pessoa começava a entrar na moda e a ser visto como um visionário e génio literário. Gerações anteriores têm Fernando Pessoa como quase inexistente, mal amado por Salazar a quem denominou de "Sal e Azar" e gerações mais jovens desconhecem na totalidade Camões, vilmente ostracizado dos programas escolares. Quem conhece hoje em dia Aristides Sousa Mendes? Poderá ele competir com Vasco da Gama, "possuidor" de Centros comerciais, pontes na capital, quase num sentido de ídolo histórico? Será o menos votado menos português que o vencedor? Parece-me que não.
A portugalidade de tais individualidades não pode ser sujeita a concursos de terceira categoria. O desconhecimento não pode nem deve ser argumento.
Uma vez mais é a televisão que temos e, porventura, a que merecemos...

domingo, fevereiro 25

Os Óscares, os Óscares...

É uma tradição minha... gosto de partilhar convosco as minhas apostas para os Óscares! Apesar de ter visto apenas um dos filmes nomeados, tenho lido e ouvido algumas coisas sobre a edição deste ano (muito eclética e, sobretudo, muito imprevisível!) e é baseado apenas nisso que apresento-vos os meus preferidos!


MELHOR ACTOR
Forest Whitaker (The Last King of Scotland)


MELHOR ACTRIZ
Helen Mirren (The Queen)


MELHOR ACTOR SECUNDÁRIO
Djimon Hounsou (Blood Diamond)


MELHOR ACTRIZ SECUNDÁRIA
Jennifer Hudson (Dreamgirls)


MELHOR DIRECTOR
Martin Scorcese (The Departed)


MELHOR FILME
Babel


MELHOR ARGUMENTO ADAPTADO
The Departed


MELHOR ARGUMENTO ORIGINAL
Babel

sábado, fevereiro 24

Saber ser e saber estar...

Como já referi neste espaço várias vezes, tive o privilégio de conhecer esta semana, através do meu trabalho na Almedina, algumas figuras da nossa sociedade por quem tenho uma grande admiração: Júlio Machado Vaz, Pacheco Pereira, António José Teixeira e Richard Zimler.
A grandeza intelectual destas personalidades nunca foi algo que me suscitasse muitas dúvidas... todos nós já os vimos, já os ouvimos, já os comentámos! As ideias e opiniões no campo da educação, cultura, literatura ou política que defendem são fazedoras de opinião e, em si, são também balizadoras das nossas opiniões! Portanto, o arsenal ideológico e comunicacional não me surpreendeu porque já o conhecia, reconhecia-me nele e foi delicioso comprovar pessoalmente!

Porém, outro aspecto tocou-me particularmente neste encontro imediato e pessoal com estas 4 pessoas, uma lição de vida: a humildade pessoal de cada um deles; obviamente que os próprios sabem que são reconhecidos em praça pública, têm um mediatismo evidente e, em circunstâncias normais, serão sempre um foco de atenção onde quer que estejam! Mas o que é verdadeiramente notável é que todos eles mostraram um profundo respeito pelos públicos que tivemos, todos eles mostraram que não iam fazer um número, que não iam fazer um frete... todos eles mostraram que, apesar da notabilidade que os caracteriza, esforçaram-se claramente por ser tornarem compreendidos! A empatia que criaram com os públicos não foi apenas fruto de uma excelência comunicativa óbvia, foi também devido ao exercício da humildade e do gosto pela partilha de opiniões e pontos de vista diferentes! Conheci muitos outros com menos mediatismo mas com atitudes de arrogância vergonhosas...

Ao Júlio Machado Vaz, Pacheco Pereira, António José Teixeira e Richard Zimler o meu mais profundo agradecimento pelas lições inesquecíveis que me proporcionaram!

quinta-feira, fevereiro 22

"É um contentamento descontente..."

Fernando Nobre (Presidente da AMI), Luís Ferreira Lopes (Editor de Economia da SIC), Sandra Monteiro (Directora do Le Monde Diplomatique), José Pinto da Costa, Daniel Serrão, Albino Aroso...

Hoje: Júlio Machado Vaz...

Foram alguns dos nossos convidados deste mês na Almedina-Arrábida Shopping! Divulgação nos meios de comunicação social (apesar das press releases enviadas para todos!): 0!!!!!!!

Há coisas fantásticas, não há??
Amanhã: Pacheco Pereira, António José Teixeira e Richard Zimler ... vai uma aposta em que ....?
enfim ....

terça-feira, fevereiro 20

E, no fim desta semana, 2 conversas deliciosas...

no sítio do costume, claro... os nossos convidados também são bons conversadores!!







- no dia 22 de Fevereiro (5ª feira), às 21:30h, recebemos Júlio Machado Vaz
(sexólogo, ICBAS) e Paula Santos (antropóloga, Universidade Fernando Pessoa) para uma
conversa nas Fronteiras do Conhecimento! O tema desta conversa é provocador: O Mito da Monogamia!

- no dia 23 de Fevereiro (6ªfeira), às 21:30h, o historiador, filósofo e político
José Pacheco Pereira, o director do Diário de Notícias e comentador da SIC Notícias António
José Teixeira e o escritor e jornalista Richard Zimler são os nossos convidados para uma
conversa que terá como título Anti-Americanismo: Razão e Emoção na Relação de
Amor/Ódio com os EUA! Mais uma tertúlia sobre o Teatro do Mundo ...


Não há melhor programação!!

APAREÇAM!!

domingo, fevereiro 18

Jogos perigosos.

Joaquim Oliveira, um dos homens fortes da nossa comunicação social, o detentor da TSF, Diário de Notícias, Jornal de Notícias e muitas outras empresas do ramo, despediu a direcção dos jornais Correio da Manhã e Diário de Notícias.

Em relação ao Correio da Manhã, a decisão não me surpreende e acho até desejável este tipo de jornalismo rever rapidamente os seus métodos e as suas prioridades! Quanto ao Diário de Notícias, a situação é muito mais preocupante! António José Teixeira é um dos nossos melhores jornalistas, um extraordinário analista político e alguém com uma capacidade de verbalizar o que pensa de uma maneira fluída, honesta e ponderada. Se tudo correr bem, no final desta semana, será um dos nossos convidados para um colóquio sobre o Anti-Americanismo, a realizar na Almedina - Arrábida Shopping.

Este tipo de manobras por parte dos autoritários senhores dos media merecia uma reflexão profunda sobre o que são os lobbies, quem são os homens que criam a opinião pública e quais os seus interesses! Caso contrário, encontramos mais um motivo para ficarmos preocupados com a qualidade da nossa democracia!

sexta-feira, fevereiro 16

Sugestão literária...

O novo livro de Umberto Eco, A Passo de Caranguejo, editado pela Difel!



O autor (nascido em Alexandria) presentea-nos com a sua visão sobre o mundo actual, cobrindo vários assuntos polémicos que vão desde a temática da guerra e da paz, passando pela influência dos meios de comunicação social (em especial a degradação dos seus conteúdos temáticos!) e chegando mesmo a pontos sensíveis e polémicos da política internacional. Uma visão esclarecida de um escritor que não tem receio de exprimir o que pensa e com uma clareza e ironia que Eco sempre nos habituou! O balanço que faz não é muito alegre, daí o título "A Passo de Caranguejo" ...

Um excelente livro que, certamente, Marcelo Rebelo de Sousa daria pelo menos uma nota 18!

Coimbra


Como é já do domínio público, não sou por natureza uma defensora acérrima de Coimbra. Terra viciosa, parada no tempo, infestada de coimbrinhas que a castram e a impedem de ser maior, pequena demais para as pessoas de bem e José Eduardo Simões coabitarem em harmonia. Muitas vezes levei nas orelhas do meu grande amigo José Eduardo Ferraz, de quem tenho muitas saudades, por dizer que Coimbra era terra de má sorte. Ainda assim, e agora migrante em terras mouras de melhor sorte, ao ver o novo site da Universidade de Coimbra senti um frio na barriga...

Coimbra é linda, exala saudade e apetece voltar. :)

Até para a semana Mondego...

N.B: A cereja irónica no topo do bolo é a formulação falaciosa que afirma que Coimbra é a universidade nº1 dos países de expressão portuguesa... é o que eu digo... parou no tempo! Reformulando uma velhinha canção de Jorge Palma, "Ai Coimbra, Coimbra, o que é que tu estás à espera, tens o pé numa galera e outro no fundo do mar..."




quinta-feira, fevereiro 15

Choca-me a crueldade das pessoas por vezes. Choca-me o mundo cão em que vivemos e a incapacidade total de uma atitude altruista e que em nada mexe com a sua vidinha santa. Tenho a minha gata doente. Foi esterilizada e a coisa não correu bem. Voltou ao veterinário para solucionar a coisa e colocaram-lhe uma rede à volta da costura novamente suturada e devidamente tapada com o adesivo. Chateada com a situação, com dores e com o desconforto inerente à coisa começou a roer a rede e a querer comer o adesivo para assim, rapidamente, chegar à ferida. Acordei hoje com este filme. O veterinário só podia ficar com ela a partir das 11 (os animais neste país têm horário reduzido para ficar doentes) e eu vi-me forçada a trazê-la para o trabalho. Foi-me dito que sim. Depois foi-me dito que não. Fiquei entre a espada e a parede. Não sabia o que fazer. A frase lapidar foi dita em seguida:
"Ó Ana mas estás mais preocupada com o teu trabalho ou com o gato? Há que estabelecer prioridades e isso é um bicho, não um ser humano."

Sempre me habituei a "julgar" os seres humanos pela sua sensibilidade para com os animais não humanos. A minha radiografia está tirada!

A gata está no veterinário sozinha até às 11. Por especial favor. Como diz um amigo meu: "e já gozas..."!

terça-feira, fevereiro 13

A sério... parem lá com isso ...

Expliquem-me, como se eu fosse muito burro, isto:

Luís Filipe Menezes: Resultado é «enorme derrota» de Sócrates

Mas como é que eles querem que a gente os leve a sério??? Terá sido do terramoto??

Enfim ...

segunda-feira, fevereiro 12

Luzes e Trevas no rescaldo da noite eleitoral...

As luzes:

- Sócrates teve um discurso moderado, reconciliador, positivo e prático; indicou o que vai fazer e diz que conta com a ajuda e contributos de todos, inclusivé do Não;

- Marques Mendes, por aceitar a derrota pessoal e, ao contrário de Ribeiro e Castro, ter assumido que a lei tem de ser mudada;

- máquinas partidárias do PS, BE e PCP porque foram também essenciais na vitória do Sim, com especial acção da máquina rosa.

As trevas:

- Francisco Louçã teve uma reacção à vitória do Sim no mínimo desastrosa e no máximo profundamente irresponsável; a provocação à Igreja (com o agradecimento aos católicos que votaram Sim), é uma atitude lamentável de alguém que, regularmente, assume atitudes e discursos infantis que não contribuem em nada para que o levem a sério...

- a reacção dos movimentos mais mediáticos do Não, que, falando de novo na vitória da liberalização do aborto e do aborto livre, ou a utilização de expressões e palavras muito mais ofensivas em vários sites e blogs ainda não perceberam (alguma vez irão perceber?) porque razão perderam de uma maneira tão expressiva neste referendo; a atitude dos responsáveis pelo Não que estavam na sede do movimento de silenciarem as televisões quando Sócrates falou é exemplificativa do mau perder, da infantilidade democrática, da estupidez que se apoderou de algumas mentes, sobretudo quando eram eles, mais do que qualquer outros movimentos, que teriam muito interesse em ouvir o que Sócrates disse!

Algumas notas (essas sim!) livres:

1. Não percebo porque razão alguns do Não vêm agora dizer que a contribuição de Marcelo Rebelo de Sousa foi má para o Não! Acredito piamente que se não fosse a intervenção directa do Professor, a derrota do Não seria muito mais expressiva; esta tentativa de tentar encontrar responsáveis pela derrota fora da esfera dos seus movimentos cívicos é triste e revelador de muita da filosofia do Não!

2. Repare-se para esta reacção absolutamente democrática: no blog do Sim refere-se que "Acordar com a sensação de que a longa noite obscurantista chegou ao fim." ... e qual é o comentário do Não? Pasmem-se: Nem dois pares de estalos serviam para a acordar da "longa noite" que vagueia na cabeça dela, se é que a tem.

Ah... o saudável ambiente democrático que se vivem para aqueles lados!

3. Torna-se fundamental, a partir de agora, que o PS e o Governo tenham uma atitude responsável perante estes resultados, i.e., que criem condições para um verdadeiro aconselhamento e acompanhamento médico e psicológico das mulheres que pretendam abortar e, também, avançar com força e determinação para políticas educativas de educação sexual e planeamento familiar. Com um resultado destes, a responsabilidade do PS é, agora, brutal!

4. Ouvi, durante a noite, como argumento em desespero de causa por parte do Não, que esta vitória criou uma grande onda de expectativas entre as mulheres; repito o que disse acima, este argumento é mais uma prova de que o Não ainda não sabe como perdeu: voltam a tratar as mulheres como umas coitadinhas que não sabem decidir, que não sabem raciocinar, que não são parte activa e inteligente da nossa sociedade!

5. Outra nota da noite passada que me criou alguma perplexidade ao nível da argumentação do Não: o dizerem que irão ser fiscalizadores da futura acção do goevrno nesta matéria e que propõem um aumento do subsídio de maternidade igual ao preço de um aborto! Quanto à fiscalização, é abusador e irresponsável esse tipo de declarações; felizmente, o estado democrático dispõem de entidade e utensílios auto-reguladores independentes para superviosionar estas práticas e não serão certamente grupos que mostraram tanta falta de sentido democrático que irão fiscalizar a acção do governo nesta área! Sobre o subsídio de maternidade equivaler-se ao preço de um aborto, eis uma declaração emotiva bem ao estilo de Louçã: demagogia pura e dura, essencial para que os apoiantes do Sim tivessem com que gritar por algo na noite passada!

6. Sobre Castelo Branco, uma observação que tenho de agradecer a uma querida amiga dessa cidade com quem conversei electronicamente durante a noite: disse-me ela que foi a 1ª vez que votou neste referendo (por questões de idade) e, de facto, eu conheço bem a geração dela que, pela 1ª vez, votou neste referendo! Trata-se de uma geração com aspirações pessoais e profissionais ambiciosas e com mentalidades mais flexíveis... isso pode também explicar o sentido da votação na capital da Beira Baixa!

domingo, fevereiro 11

Referendo: o caso Castelo Branco!

Tal como Leiria e Porto, Castelo Branco foi um distrito que virou por completo na posição deste referendo quando comparado com o referendo de 1998. Ficam aqui os números:

1998
Sim - 47.22% (25341 votos)
Não - 52.78% (28330 votos)

2007
Sim - 61.63% (45863 votos)
Não - 38,37% (28550 votos)


Repare-se que, de um referendo para o outro, o número de votantes no Não subiu! Mas a vitória do Sim foi esmagadora, uma diferença de quase 20000 votos!! Então, de onde surgiram esses 20000 votos? Está escondido no número de afluência:

1998 - 54710 votos
2007 - 76098 votos

2007 - 1998 (votos) = 21388

Ou seja, em Castelo Branco, praticamente todos os que não votaram em 1998 e que foram às urnas em 2007 votaram expressamente no Sim! Ou seja, os movimentos do Sim que actuaram naquela região tiveram uma eficácia verdadeiramente notável, algo que é, para mim, uma verdadeira surpresa!

Gostava de saber a vossa opinião sobre ...

Numa conversa em Messenger com uma querida amiga, surgiu-nos este dado interessante... repare-se na votação nos distritos de Lisboa e Porto:

LISBOA
Sim 71.47 %
Não 28.53 %


PORTO
Sim 54.39 %
Não 45.61 %



A questão que se coloca é imediatamente visível: porque razão houve uma vantagem do Sim muito mais confortável no distrito de Lisboa do que no distrito do Porto? A Ana sustenta que é uma questão de mentalidade mais arrojada e uma presença muito menos activa da Igreja no sul, acontecendo precisamente o oposto no norte/Porto. Eu não partilho dessa ideia; na minha opinião, é precisamente nestes valores que eu vejo a clara influência da eficiência das máquinas partidárias que, obviamente, empenharam-se muito mais em conquistar votos onde a população é em maior número (Grande Lisboa) do que no Grande Porto onde não vi uma grande actividade dos partidos! PCP e Bloco de Esquerda agiram intensamente sobretudo em Lisboa, seguindo o PS o mesmo caminho, mas dando mais ênfase ao Porto do que os outros 2 partidos.

De qualquer forma, não deixa de ser uma questão com várias respostas e que deixo aqui em aberto neste nosso espaço para os nossos visitantes comentarem!

O referendo da IVG no Porto ...

Penso, antes de mais, a paciência de todos aqueles que queiram ler estes meus pensamentos sobre como foi a votação por freguesias na cidade do Porto! Paciência porque tenciono mostrar abaixo os dados de cada freguesia por uma questão de informação precisa.

Uma representação, em primeiro lugar, das freguesias do Porto:



E os dados por freguesia, por ordem decrescente do número de inscritos...

Paranhos
Inscritos 41500
Votantes 48.96%
Sim 63.52%
Não 36.48%


Campanhã
Inscritos 34228
Votantes 42.28%
Sim 69.22%
Não 30.78%


Ramalde
Inscritos 31071
Votantes 46.73%
Sim 61.81%
Não 38.19%


Bonfim
Inscritos 25486
Votantes 45.80%
Sim 61.32%
Não 38.68%


Cedofeita
Inscritos 23667
Votantes 48.70%
Sim 56.76%
Não 43.24%


Lordelo do Ouro
Inscritos 18309
Votantes 48.58%
Sim 60.66%
Não 39.34%


Aldoar
Inscritos 11180
Votantes 53.04%
Sim 63.79%
Não 36.21%


Santo Ildefonso
Inscritos 10591
Votantes 39.86%
Sim 62.47%
Não 37.53%


Foz do Douro
Inscritos 10372
Votantes 43.87%
Sim 54.32%
Não 45.68%


Massarelos
Inscritos 6972
Votantes 52.58%
Sim 61.28%
Não 38.72%


Nevogilde
Inscritos 4773
Votantes 59.63%
Sim 39.64%
Não 60.36%



Inscritos 4607
Votantes 32.71%
Sim 72.06%
Não 27.94%


Miragaia
Inscritos 2993
Votantes 36.79%
Sim 71.36%
Não 28.64%


Vitória
Inscritos 2905
Votantes 39.24%
Sim 66.28%
Não 33.72%


São Nicolau
Inscritos 2724
Votantes 40.42%
Sim 65.98%
Não 34.02%


Das 14 freguesias do Porto, apenas Nevogilde dá a vitória ao Não. Quando comparado com 1998 e para a mesma freguesia, o resultado é sensivelmente o mesmo. Fazendo ainda o estudo comparativo para cada freguesia, constatamos que apenas a freguesia de Foz do Douro apresenta uma inversão nos resultados: em 98 o Não ganhou com 51,40% e o Sim ganha agora com 54,32%! Em todas as outras freguesias, o Sim consolidou fortemente a sua votação (em especial Santo Ildefonso, que teve um crescimento de quase 10%). Um dado irónico: a votação mais forte do Sim ocorreu na freguesia da Sé!

As freguesias tradicionalmente mais conservadoras (Foz do Douro e Lordelo), com votação mais forte no centro e na direita política e também pertencentes a classes sociais mais elevadas apresentam resultados esmagadores para o Sim, sendo que a única excepção é Nevogilde, provando que este referendo é, sobretudo, apartidário. Sem surpresas, as votações percentuais mais fortes no Sim registam-se nas freguesias mais pobres socialmente e economicamente (Sé, Vitória, São Nicolau e Miragaia), sendo quase sempre (excepção: Cedofeita) superior a 60% nas freguesias de calsse média (Santo Ildefonso, Ramalde, Campanhã - um destaque especial para a forte votação do Sim nesta freguesia - e Massarelos). Paranhos, com uma população sobretudo jovem, também acompanhou a votação forte no Sim.

Ou seja, a única surpresa dá pelo nome de Foz do Douro, algo que deixo para os sociólogos explicarem porque, sinceramente, eu não tenho nenhuma explicação para a inversão de resultados nessa nobre freguesia do Porto!

Análise aos resultados finais...

Em primeiro lugar, os resultados oficiais finais:

SIM - 59.25%
NÃO - 40.75%
VOTANTES - 43.61%

e os resultados do referendo de 1998:

SIM - 48.70%
NÃO - 51.30%
VOTANTES - 31.91%


A votação foi expressiva, a vitória do Sim é clara e elucidativa! A abstenção desceu mais de 10% e, apesar de não ser um referendo vinculativo, Sócrates disse que iria alterar a lei e Marques Mendes concordou. Não mudo uma vírgula em relação ao que escrevi uns posts atrás: para Sócrates isto não era um teste de grande dificuldade! Com a vitória do Sim, Sócrates ganha pouco ou quase nada, se ganhasse o Não não perderia nada!

Há agora condições políticas para avançar para uma nova regulamentação desta questão em sede de Código Penal e nas condições de acompanhamento médico e psicológico de todas aquelas mulheres que desejam abortar. Esse será o debate seguinte: como concretizar em termos práticos a alteração que este referendo trouxe! Mas isso será um desafio que outros países tiveram, que outros países conseguiram triunfar. Não há rigorosamente nenhuma razão par acreditar que Portugal não é capaz de ultrapassar esta questão!

Admito que fiquei algo surpreso com a vitória tão expressiva do Sim; no meu post sobre as minhas previsões, apenas encarei o cenário de uma vitória muito renhida do Sim, nunca pensando numa diferença de 20% entre as duas posições! Nas votações por distritos, apenas uma surpresa: o triunfo do Não em Viana do Castelo e Braga; tudo o resto correspondeu ao esperado, inclusivé a vitória (muito) mais folgada do Sim em Lisboa do que no Porto! Aliás, no meu próximo post, proponho-me a analisar os dados finais do referendo nas freguesias do Porto, um exercício que acho particularmente fascinante...

Referendo: update (17:50h)

O valor da afluência até às 16h foi de 31, 31%; é um valor baixo, muito baixo, mas repare-se que, em 4h, o valor subiu em 20%. Godinho de Matos, um porta-voz da Comissão Nacional de Eleições aponta para um valor final da afluência muito baixo, na ordem dos 40%, tornado este referendo, uma vez mais, não vinculativo. Acrescentou, ainda, que uma abstenção muito alta significa que os cidadãos não atribuíram grande importância ao referendo. É um direito deles não participar na decisão, pelo que não se pode retirar daqui qualquer outra extrapolação.

2 aspectos a considerar sobre estas declarações: em primeiro lugar, são perfeitamente dispensáveis pois ainda não sabemos o resultado final da abstenção! Estas palavras, à hora em que foram transmitidas (ouvi-as às 17h) podiam ainda influenciar a afluência às urnas, o que torna todo este caso uma trapalhada política grave! Em segundo lugar, e é algo que não aparece na edição online da TSF, este senhor tomou a liberdade de fazer interpretações políticas sobre este resultado absolutamente provisório, afirmando que, a confirmar-se, o Governo não pode legislar sobre esta matéria! Pessoalmente, acho estas declarações profundamente graves e a independência deste senhor deveria ser imediatamente investigada! É, verdadeiramente, lamentável...

Referendo: update (13:17h)

Afluência até às 12h: 11,57%

Previsão do estado do tempo das 12h-0h:
Regiões do Norte e do Centro: Céu muito nublado ou encoberto.Chuva, por vezes moderada nas regiões a norte dos sistemamontanhoso Montejunto-Estrela e forte no Minho e Douro Litoral emespecial para a tarde. Pequena subida da temperatura mínima.Regiões do Sul:Céu muito nublado ou encoberto.Períodos de chuva fraca ou chuvisco.


O valor da afluência é o esperado, o estado do tempo vai ao encontro das pretensões do "Não"!

Para quem acedita em sinais e presságios....

Os nomes de uma vergonha...

Dói... admito que dói e muito! Falo da maneira como o meu Porto tem, na sua gestão, pessoas com actuações e personalidades tão duvidosas e profundamentente enjoativas como Rui Rio e Laura Rodrigues, a irascível presidente da Associação de Comerciantes do Porto.

É obrigatório ler esta opinião de Luís Costa sobre estas duas personagens! É urgente purificar a alma, honra e dignidade do nosso Porto... para que o meu Porto continue a ser este mosaico vivo em todo o seu esplendor!


Balanços e previsões

Agora que terminou o período de campanha relativo ao referendo de domingo, permitam-me um balanço em forma de exercício meramente pessoal:

- os excessos e intolerâncias houve-os de ambos os lados; era inevitável mas acho que até houve um registo mais civilizado desta vez quando comparado com o referendo de há alguns anos atrás!

- a Igreja, subtraíndo-se alguns excessos pontuais e resíduais, também esteve à altura da dignidade desta campanha! Nunca poderia defender o "Sim", mas não se excedeu na defesa do "Não" e, por isso, merece os meus aplausos;

- uma vez mais, e do lado do "Não", insistiu-se na estratégia de confundir despenalização com liberalização, bem como em assumir que os apoiantes do "Sim" devem ser identificados como defensores da morte; esta táctica resultou no último referendo, não acredito que aconteça de novo agora. De qualquer forma, foram inteligentes na maneira como manipularam a opinião pública e os media nesta matéria;

- continuo a achar que a questão da IVG é um problema mas não um ponto fulcral para o desenvolvimento do país ou para o crescimento que para ele todos desejamos! Haveriam, certamente, outros referendos bem mais importantes para se fazerem e espero que não se lembrem de avançar agora para o referendo da regionalização!

- é preciso sempre lembrar que um voto em branco corresponde a uma atitude política e cívica enquanto que a recusa de ir às urnas corresponde à recusa de um exercício basilar das democracias; a abstenção que resultar deste referendo é um teste, também, à maturidade e responsabilidade da democracia portuguesa e dos seus eleitores! O desinteresse em relação a esta matéria não pode justificar um alheamento colectivo! E, neste referendo, é obrigatório lembrar que a abstenção é também um acto de favorecimento directo para um dos lados!


As minhas previsões:

- até hoje não houve uma única sondagem que apontasse para um vitória do "Não"; por si só, isso não é um indicador de vitória garantida para o "Sim", pois em 1998 o cenário foi muito semelhante, em que o "Sim" era dado como ganhador à partida! Penso que, desta vez, o resultado será mais distanciado do que aquele que se registou em 1998, quer ganhe o "Sim" quer ganhe o "Não";

- os resultados registados na Grande Lisboa e no Grande Porto serão absolutamente fundamentais para a vitória de qualquer um dos lados; o restante país deverá apresentar valores muito idênticos aos obtidos em 1998. É interessante reparar que, nesta campanha, houve vários movimentos mais jovens afectos ao "Sim" que foram constantemente dinamizados devido à actuação precisa da esquerda mais radical (BE e PCP) e que, por isso, podem constituír, em si, um factor determinante neste referendo. Prevejo que o "Sim" ganhe mais confortavelmente na Grande Lisboa do que no Grande Porto e nas outras grandes cidades (Braga, Aveiro, Coimbra, Setúbal...), haja um equilíbrio muito grande com ligeira vantagem para o "Sim", ficando o interior, sul (excepto Algarve) e ilhas com uma tendência clara para o "Não";

- a abstenção será o grande joker deste referendo; acredito que, por votos expressos, o "Não" irá perder este referendo, mas poderá ganhar em última instância através da abstenção! Jogo sujo mas previsto na lei e Sócrates já disse que se isso acontecer não muda a mesma. Aponto para uma abstenção a rondar os 44%, tornando, assim, este referendo vinculativo!

- o day after no panorama político será muito interessante de seguir: caso o "Sim" ganhe, Sócrates tem liberdade para legislar mas também, sobretudo, para criar condições dignas para uma IVG (sempre em último recurso) com fundamentação clínica e psicológica e isso é absolutamente imperativo! Caso o "Não" ganhe, o PM pura e simplesmente nada poderá ou deverá fazer! De qualquer modo, uma vitória do "Sim" não irá trazer muitas recompensas a Sócrates, tal como uma vitória do "Não" não vai beliscar minimamente o prestígio e liderança que a sociedade ainda reconhece ao actual PM!

E domingo, no final da noite, voltarei a ler este meu post!

terça-feira, fevereiro 6

A sensualidade "ao extremo" ...

É uma música sensual com um vídeo... enigmático! São deliciosas as histórias do vídeo e a intensidade da música! Para todos vós:

quinta-feira, fevereiro 1

Homenagem a quem nos inspira ...

Trata-se da música A Verdade do Poeta, do último trabalho de Dulce Pontes, O Coração tem Três Portas! Vale a pena comprar este CD, quanto mais não seja por esta sublime música! Como não encontro o vídeo no You Tube, deixo-vos com a letra ... mas, por favor, ouçam-na!! Deliciem-se com aquela enorme definição sobre o sonhar!

A verdade do poeta

É de sonho que se tece
a verdade do poeta
e a poesia acontece
quando o poeta se esquece
de acordar na hora certa

Com o corpo adormecido
e a alma bem desperta
a vida faz mais sentido
e murmura ao ouvido
do sonho a palavra certa

E depois é só trocar
por palavras sentimentos
e as emoções, enganar
e fazê-las confessar
os verdadeiros intentos

Sonhar é fazer sorrir
a lágrima mais dolorosa
e os pesadelos, despir
para depois os vestir
de mil sonhos cor-de-rosa



É fazer o sol brilhar
na noite mais tenebrosa
por a tristeza a cantar
e devolver ao olhar
aquela luz preciosa



É roubar ao pôr-do-sol
um raio de luz derradeiro
e fazer dele um farol
que ilumine o mundo inteiro.

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