"Grandes Portugueses"
Assisti ontem pela primeira vez à campanha eleitoral feita pela RTP para a selecção do maior português de todos os tempos. Se já não me fazia sentido tal género de programa, a situação agudizou-se ainda mais. Comparar Camões a Fernando Pessoa, D. João a Aristides Sousa Mendes e outros quejandos é perguntar a uma criança se gosta mais do papá ou da mamã. É regra basilar que não se comparam coisas diferentes e, mais ainda, a importância e a qualidade de grande português não pode ser medida de forma quase aleatória.Provenho de uma geração em que Camões era tido como centro fundamental da literatura, ao mesmo tempo que Fernando Pessoa começava a entrar na moda e a ser visto como um visionário e génio literário. Gerações anteriores têm Fernando Pessoa como quase inexistente, mal amado por Salazar a quem denominou de "Sal e Azar" e gerações mais jovens desconhecem na totalidade Camões, vilmente ostracizado dos programas escolares. Quem conhece hoje em dia Aristides Sousa Mendes? Poderá ele competir com Vasco da Gama, "possuidor" de Centros comerciais, pontes na capital, quase num sentido de ídolo histórico? Será o menos votado menos português que o vencedor? Parece-me que não.
A portugalidade de tais individualidades não pode ser sujeita a concursos de terceira categoria. O desconhecimento não pode nem deve ser argumento.
A portugalidade de tais individualidades não pode ser sujeita a concursos de terceira categoria. O desconhecimento não pode nem deve ser argumento.
Uma vez mais é a televisão que temos e, porventura, a que merecemos...
<< Home