Há alguns anos atrás, quando este lado da Lua ainda era habitado apenas por mim, contei-vos a minha paixão por este local tão especial do meu Porto: a Praça dos Leões e todo o sentimento que tem a antiga e agora quase abandonada (de estudantes!) Faculdade de Ciências da Universidade do Porto! A propósito de algumas broncacias, na semana passada tive de voltar lá, ao mesmo espaço... e foi a mesma emoção! Peguei, então, na câmera fotográfica do meu telemóvel (por isso, peço desde já desculpas pela qualidade das mesmas!!) e captei para a posteridade uma Faculdade que, definitivamente, já tem muito pouco daquela Faculdade barulhenta, cheia de vida e de lições de vida que me deu gratuitamente! E porque eu sei que alguns que passam por este lado da Lua também conhecem bem o local, deixem-me pegar nas vossas mentes e passear por esta Faculdade, recordando a outra!
E toda a história, todo o percurso, começa pelo início, num primeiro passo...
A FCUP que eu conheci, em 1996, não tinha esta cara tão "lavadinha". Era mais escura, bem mais escura! Sofreu obras de requalificação, elevando a honra, beleza e dignidade deste pedaço de história portuense... tal como a fonte dos Leões, santuário de todos os caloiros, ponto de encontro para saídas nocturnas ou, apenas, para contemplações! Agora, já não há sinais de praxe, já não há sinais do saudável vandalismo académico... devolveu-se o espaço aos cidadãos, podem dizer uns! Mas serão sempre os Leões... mesmo com uns horríveis cachecóis vermelhos de plástico!
Agora, a entrada da FCUP é um zona muito mais aberta, muito mais ampla do que aquela que eu conheci! Abrem-se todos os portões e observa-se logo a primeira boa ideia que tiveram para este espaço: forrar as suas paredes, os seus corredores, com História, com a História da FCUP e também um pouco da história da cidade... os painéis brancos que estão do lado direito reproduzem capas e páginas de jornais de outros tempos que relatam vários acontecimentos íntimos da FCUP e do Porto. Uma excelente ideia!
O primeiro grande momento emocional da viagem... depois de passarmos os portões da entrada, deparamo-nos com 2 escadarias. A de cima, a 1ª, será, para sempre, conhecida por escadaria de Astronomia e o termo diz tudo! Era ali o ponto de encontro da grande parte dos alunos do meu curso. E, naquelas escadas, tudo se fez... uns fumavam, outros tinham acesas mais sempre amigáveis discussões; uns beijavam-se, outros suspiravam; uns estudavam, outros liam dedicadamente o jornal; uns perdiam-se na vida, outros encontravam uma luz! Uns e outros, todos juntos, sabiam uma coisa: era ali que tinham início os sonhos, os projectos de todos! Era ali que as mágoas de uns passavam de uns para os outros para que um outro, com uma palavra amiga, soprasse essa núvem escura para outro lugar... ali, era o início da nossa Vida, ali era o teatro dos nossos sonhos! Aprecie-se, através da foto da 2ª escadaria (a de baixo), a beleza absolutamente clássica e imponente deste edifício!
Ao subirmos as escadas, se prestarmos atenção, encontramos outros pormenores de enorme beleza... os quadros alusivos ao estudo do conhecimento (em cima) e, no cimo, uma clarabóia que empresta momentos de geniais inspirações a qualquer um!
A luz da clarabóia ilumina os portões do Salão Nobre da FCUP, local que recebeu apenas momentos de honra e de prestígio. Desse local, contempla-se, então, todas as escadarias e o busto de Ferreira da Silva, um dos nomes emblemáticos da nossa história e uma das grandes figuras da nossa Ciência do Séc. XIX!
Os corredores... longos, estreitos, vibrantes, frios... mostro-vos apenas 2: o de cima ia dar aos antigos laboratórios de Zoologia, penso eu, não tenho a certeza (alguém que me corrija!). Lembro-me que, neste corredor, nas 2 últimas salas do lado direito, tive as aulas de Cálculo Automático com a Profª Teresa Mendonça e também com o Prof. Paulo Gameiro... se não me engano, era nas terça feiras de manhã, logo às 9h! E aprendíamos Linguagem P (ainda hoje não sei que raio de coisa é essa e para que serve!), Basic e outras coisas bonitas! Era também, no fundo desse corredor, ao longo de 3 ou 4 frias escadas, que muitos namoravam, ali, longe de tudo e todos, num local de mínima privacidade para máximos desejos!
O outro corredor, o da foto de baixo, acredite-se ou não, era o mais agitado de todos! Era o corredor que dava acesso ao bar, mais ou menos a meio do lado direito! Saía-se da aula e fugia-se para o bar para comer um panike de ovo ou de chocolate e isso explica muito sobre a presente condição física do autor deste post! :) Foi também nesse bar que entornei uma fanta de laranja sobre a minha namorada... sim, a mesma, aquela que me atura já desde esse tempo! Por isso, este tributo a este local mítico é também um agradecimento a ela; por ter esperado, por ter acreditado, por ter... tudo! O tempo e esta nossa FCUP juntou-nos... a ela teremos de regressar um dia, para (mais, outros) momentos felizes!
Temos então, na foto de cima, o belissímo átrio que serve de entrada ao Anfiteatro de Química (aquela porta aberto no fundo, lado direito) ... foi sempre a minha sala favorita para fazer exames! Fiz lá muitos, passei a alguns, reprovei também a alguns! Mas, pelo tamanho, pela boa disposição que um átrio destes nos dava antes da entrada para uma prova de fogo, sempre encarei este local como um dos mais bonitos da Faculdade. E, para o comprovar, note-se a foto de baixo, representanto o 2º andar desse mesmo átrio... não se bebe perfeição, fenomenalidade, inspiração divina e tranquilidade e total cumplicidade entre a obra do Homem e a graça de Deus? Foi neste local, neste ambiente, nesta exaltação dos sentidos que nasceu o GIRA - Grupo de Informação e Recreacção Astronómica, uma união de amigos que criou um espaço de divulgação da astronomia com algum sucesso no norte do país! Mas falarei mais disso à frente...
Mas nem tudo é recordado com um doce no espírito... quem não se lembra dos abomináveis contraplacados que serviam como salas de aula, como este aqui da foto do lado esquerdo? Quem não se lembra do frio que entrava por todos inúmeros buracos daquelas "coisas"? Quem é que não se lembra das cadeiras, das mesas, dos quadros que pareciam objectos de arremesso de uma qualquer Guerra Mundial? Quem é que não se lembra da sujidade do chão? Mas foi também aí que se ouvia Senhorrrra, derrrivada de sieno?? pronunciado por um professor de dimensões físicas assustadoras proveniente das Rússias? O bar também era num contraplacado, representado na foto de baixo.
E, para terminar, uma delírio... uma foto de horrível qualidade mas de grande nostalgia, mostrando o impacto da FCUP nas nossas vidas! Pouco tempo depois da génese do GIRA, tirou-se a foto de família num dos corredores da nossa Faculdade, para a posteridade... para uns recordarem com enorme prazer, outros nem tanto! Mas, sentimos agora, a construção do nosso futuro começou no passado daqueles corredores, começou nos sonhos, projectos e segredos que sussurámos entre nós e entre cada pedaço de rocha daquele edifício! Fiquem com um registo do passado que eu vou ali ter com o futuro! :) Boa noite!
de cima para baixo, da esquerda para a direita: Rui Silva, Nuno Gomes, Pedro Russo, José Marçal, Luís Calçada, Fernando Pinheiro, João Marques, Luís Belerique, Elsa Silva, José António, Ricardo Reis, Miguel Gonçalves, Ana Sofia, Liliana, Jorge Martins, Alexandre Aibéo, Bruno Oliveira (MEIXTRE!!)
Lia eu uma das revistas cor-de-rosa da vóvó quando, qual não é o meu espanto, descubro a história que passo a relatar. O ídolo da infância de muitas meninas nos anos 80 e 90, Tom Cruise, após declarar que iria comer a placenta da filha quando esta nascesse (juro), viu o seu rebento vítima (sim vítima) de uma homenagem algo bizarra. Parece que Suri (não bastava já ter nome de epidemia altamente letal, sim porque isso de os filhos dos famosos terem nomes de gente normal é profundamente démodé) inspirou Daniel Edwards, artista conhecido pelas suas esculturas polémicas e dignas de ter em qualquer sala de uma casa de família. Então parece que o senhor resolveu fazer uma escultura com base no primeiro... cócó de Suri. Para os que são ainda da família de S. Tomé aqui fica a dita. O meu único medo é... que se seguirá?
Passeava eu com a outra metade da laranja pelas ruas do Chiado, quando ao entrar numa discoteca dou de "ouvidos" com uma voz quase angelical, límpida e cristalina que entoava pela loja fora. Imediatamente quis saber quem era. Arranjei o álbum e nos últimos dias nada mais tenho ouvido. Cristina Branco é o seu nome e recomendo vivamente Alfonsina y el mar . Dir-me-ão depois! :)
Há algo de absolutamente absurdo no meio disto tudo! Com a morte de João Paulo II e a escolha de Ratzinger para seu sucessor, muitos dos cardeais da Cúria Romana asseguraram que era uma escolha na continuidade, que, no fundo, Ratzinger era bem mais próximo das ideias do Papa do que muitos pensariam. Que Ratzinger era, inclusivé, um hábil político, frutos dos longos anos que já teria passado no Vaticano.
Por tudo isto, torna-se perfeitamente incompreensível aceitar ou analisar as declarações de Bento XVI relativamente à questão Muçulmana... relembre-se que tudo começou quando o Papa invocou os pensamentos do Imperador Bizantino Manuel II Paleólogo (Séx XIV), segundo o qual afirma que Maomé só trouxe ao Mundo "coisas más e desumanas, como o direito a defender pela espada a fé que ele persegue".
Vamos colocar a hipótese (meramente académica) que Ratzinger não teria qualquer intenção em ferir a nação Muçulmana; um homem com o seu passado (ainda por cima bem polémico no que diz respeito a declarações políticas - investigue-se o que disse sobre a Turquia!), com a sua experiência política e importância do seu título, comete um erro tremendamente infantil ao proferir estas declarações e esperar que ninguém as interprete em seu proveito! Não é possível acreditar que Ratzinger não tenha pensado no alcance e significado das suas declarações, do contexto político e histórico em que as mesmas foram proferidas pelo imperador bizantino; por isso, a questão que se coloca é simples: qual foi, realmente, a intenção do Papa? Como é possível justifica este tipo de declarações especialmente numa altura em que as relações do Islão com o Ocidente estão a passar por sérias dificuldades? Porquê esta tamanha irresponsabilidade feita pelo mais alto representante do Deus Cristão no Mundo?
Na minha mais querida série de ficção científica, Babylon 5 (Bel, amigo, eu juro-te que devolvo!), num dos episódios, a personagem G'Kar tem um momento de reflexão...
All around us, it was as if the universe were holding its breath? waiting. All of life can be broken down into moments of transition, or moments? of revelation. This had the feeling of both. [?] G'Quan [uma divindade da sua cultura] wrote, "There is a greater darkness than the one we fight. It is the darkness of the soul that has lost its way. The war we fight is not against powers and principalities, it is against chaos and despair. Greater than the death of flesh is the death of hope. The death of dreams. Against this peril we can never surrender." The future is all around us, waiting in moments of transition, to be born in moments of revelation. No one knows the shape of that future, or where it will take us. We know only that it is always born? in pain.
Hoje é um dia tristinho. Desapareceu um dos ícones da minha infância. Morreu a minha professora primária. Não se pode dizer que fosse a professora ideal, que os seus métodos punitivos da reguada, intimidação e humilhação pública fossem os pedagogicamente correctos ou sequer que deixou grande saudade quando emigrei para terras inenarráveis. Ainda assim custa. Fazia parte do meu imaginário e, frequentemente, enquanto professora, dou por mim nas aulas embrulhada nas memórias das suas aulas e na alegria que era quando, da janela, nos apercebiamos que era o Ruca que ia dar aula e não ela. Era uma relação amor-ódio, mas foi sem dúvida uma pessoa que me ensinou a ser forte e a não me deixar intimidar por ninguém. Só por isso valeu a pena. Fica a saudade!
Em Portugal (e não só) há a tendência miserabilista de considerar que, em termos musicais, tudo o que vem de fora é digno de nota e tudo o que é feito em Portugal nada vale. Com base nesta permissa se justifica a incapacidade das rádios nacionais cumprirem as quotas de música portuguesa e, inclusivamente, a sua existencia per se.
Não sou minimamente desta opinião embora considere que, a nível nacional e mundial, muito lixo seja produzido e elevado à categoria de obra prima. Não citarei para não ser veemente criticada mas, uma rápida análise pessoal rapidamente corroborará esta ideia.
Com este intróito apenas pertendia chegar a um nome, praticamente desconhecido do panorama musical nacional mas, cujo albúm mais conhecido, Por este rio acima, datado de 1982, foi considerado o melhor álbum dos anos 80. O nome é Fausto e este álbum é parte da nossa história enquanto nação e contém em si sentimentos que tão bem conhecemos: medo, desespero, o amor, o ímpeto da aventura. Mais que considerá-lo uma obra prima vejo este álbum como dotado de uma enorme sensibilidade, histórica e não só, e como uma cuidada concepção artística que vale a pena ouvir com atenção.
Numa primeira audição cuidada rapidamente descobrimos o seu mote: as façanhas de Fernão Mendes Pinto por terras distantes. No fundo, o mote somos nós e a nossa história. Numa segunda audição apaixonamo-nos pelas palavras, pela forma como Fausto nos enleia nas suas frases e pela maneira como nos traduz o que somos, a nossa natureza e o elemento que enquadrou a nossa história e nos caracteriza: a água.
Naturalmente sou suspeita pois cresci a ouvir este álbum e Fausto e seus amigos (Zeca Afonso, Zé Mário, Vitorino, Janita, Sérgio Godinho e outros que tais) fizeram parte da minha infância. Ainda assim arrisco falar dos ritmos tão nossos que Fausto utiliza, do quadro que pintou e que, para mim, deveria constar das "paredes" das nossas casas.
Assim, de facto, é muito difícil ser Marques Mendes ou Ribeiro e Castro (já agora, Louçã e Jerónimo)... e Sócrates lá continua a fazer o seu caminho, a cumprir o que prometeu, a levantar o que muitos já consideravam como o destino final do fado português!
Palavra de honra... eu até simpatizo com esta mulher!
A Joana Amaral Dias é uma mulher inteligente, mostra uma garra na defesa das suas opiniões que até lhe dá algum carisma e, escusado será dizer, tem uma presença física absolutamente extraordinária. Porém, tem um gravíssimo defeito: é do Bloco de Esquerda! E isso faz com que, periodicamente, escreva coisas deste tipo... o problema da Joana, bem como de muita da esquerda portuguesa (incluíndo algum PS), consiste em fazer a crítica despreocupada e livre, aquela que é fácil porque é politicamente correcta, aquela que é desonesta porque, no fundo, é oca e apenas é feita porque, quem a pratica, sabe que não pode aspirar a outros vôos na democracia portuguesa!
Para textos como este da Joana, e muitos outros de Louça, Jerónimo de Sousa, Bernardino Soares, Fernando Rosas ou Miguel Portas (repare-se que o estilo pouco difere entre todos estes), há sempre uma falha nítida, imperdoável e fatídica: após enumerarem 19849279473298 razões para o (alegado) fracasso dos EUA pela sua tirania monstruosa e ineficaz política externa de relações diplomáticas e militares, como que culpando os EUA pelo (outra vez, alegado!) incentivo ao choque de civilizações, apetece perguntar: que outras opções, soluções e caminhos todos eles apontaram? Criticam, mas... e sugestões práticas, reais? Rigorosamente nenhumas!! É uma medíocridade intelectual que, pelo menos na Joana Amaral Dias, eu não reconheço mas que, por vezes, é tristemente evidente...
Foi o Marco que me enviou... por acaso, até tem piada! :)
George Bush vai a um colégio de ensino fundamental para falar sobre a guerra. Após seu discurso, ele diz às crianças que podem perguntar-lhe qualquer coisa...
Um menino levanta a mão.
Bush pergunta seu nome:
- O meu nome é Bob. - E qual é a sua pergunta, Bob? - Tenho 3 perguntas.
Primeira: Por que os EUA invadiram o Iraque sem o apoio da ONU?
Segunda: Por que o senhor é presidente se Al Gore teve mais votos que o senhor?
Terceira: O que aconteceu com Bin Laden?
Quando Bush se preparava para responder a pergunta, o sinal do recreio tocou.
Bush disse às crianças que continuariam depois do recreio. Quando acaba o recreio, Bush pergunta:
- Onde estávamos? Ah, sim! Estávamos nas perguntas. Alguém quer perguntar-me alguma coisa?
Outro menino levanta a mão. George pergunta a ele como se chama.
- Steve - E qual é a sua pergunta, Steve? - Tenho 5 perguntas:
Primeira: Por que os EUA invadiram o Iraque sem o apoio da ONU?
Segunda: Por que o senhor é presidente se Al Gore teve mais votos que o senhor?
Terceira: O que aconteceu com Bin Laden?
Quarta: porque raio o sinal do recreio tocou 20 minutos antes?
Quem me conhece sabe da minha paixão pela Argentina, por Buenos Aires e por tudo o que a estas paragens longinquas diga respeito. Por si só, a distância e a impossibilidade quase categórica de lá voltar tornam esta terra um mito e uma memória que lentamente se desvanece. Restam cheiros, palavras, sítios e Astor Piazzolla.
Se há dúvidas que Deus existe, com esta música desvanecem.
Agora já me sinto com o mínimo de condições emocionais para partilhar convosco um pouco mais sobre o que representa a figura, a pessoa e o jogador André Agassi para mim...
Em tempos, joguei ténis ao nível federado. Sempre fui auto-didacta no assunto e lembro-me perfeitamente da minha primeira raquete: uma Dunlop que, na altura, custou 1000 escudos e que, por coincidência, era da mesma marca da raquete de André Agassi! Foi comprada pelo meu pai ao saudoso Sr. Albuquerque, uma das figuras míticas do Albi Sport Clube de Castelo Branco... como nunca me dei muito bem com o estatuto social que este desporto na altura tinha (e que, felizmente, agora deixou de ter!) não fiz muitos amigos entre os jogadores e os treinadores, tudo senhores da alta sociedade albicastrense! De facto, sempre fui muito mais chegado aos proprietários que exploraram o bar desse clube!
Jogar ténis sempre foi para mim, acima de tudo, uma paixão! Foram inúmeras e longas as manhãs, tardes e até noites que passei na chamada parede, um pequeno recinto que continha apenas uma parede contra a qual praticamos os movimentos do ténis, jogando a bola contra a mesma; não tinha dinheiro nem companhia para jogar nos courts, a parede era a minha parceira! Foram invernos, outonos, primaveras e verões ali... saudosos! A verdade é que comecei a praticar com cada vez mais afinco, porque gostava! Tinha jeito para aquilo e alguns viram isso; fiz amigos de circunstância e, muito timidamente, fui para os courts e joguei! Nos finais dos jogos, era comum irmos para a sala de convívio e, entre outras coisas, víamos muitos jogos de ténis! E foi aí, há muito tempo atrás, precisamente no início da carreira de André Agassi, que este me foi apresentado; na altura, todos os amantes do ténis estavam virados para o Lendl, Boris Becker, Stefan Edberg... os reis da altura! Foi então que apareceu um puto de cabelo muito comprido e louro! A partir desse momento, tudo foi diferente! Ele fazia palhaçadas, enervava os adversários e os árbitros, mas tinha logo a preferência, adoração e amor do público, de qualquer público! E ele evoluiu, cresceu, amadureceu!
Lembro-me, como se fosse ontem, da final de Wimbledon de 1992. André Agassi defrontou Goran Ivanisevic e ganhou... um jogo infernal, um jogo impróprio para cardíacos que me livrou de ir à missa nesse domingo, tal não foi o entusiasmo que a minha mãe viu em mim ao deliciar-me com tal jogo! André nesse jogo chorou e, confesso, eu também!
E porquê? Porque, por causa dele, eu sempre fui motivo de risota! Porque, perante os meus colegas e amigos de ténis, sempre disse, desde o seu início de carreira, que ele ia ser muito grande, enorme até! E todos riam de mim, literalmente! Um palhaço daqueles, chegar ao topo?
É fácil perceber porque me identifiquei logo com ele: por não ser um jogador alto (como eu), teve de desenvolver todo o seu jogo baseado na resposta a serviços extremamente rápidos, sempre com um jogo de fundo de rede extremamente táctico e inteligente e, sobretudo, por jogar também com paixão pelo jogo! Foi, sobretudo, na paixão pelo jogo que André Agassi sempre me conquistou! Porque usufruir do ténis (tal como qualquer outro desporto ou actividade) pelo prazer e pela paixão sem ligar a rankings, ao estatuto social é algo que sentimos profundamente em André Agassi e também sempre foi essa a minha visão do ténis.
Mas a dimensão pessoal de Agassi também me tocou: apesar de ser originário de famílias extremamente ricas (o seu pai foi um milionário grego), André Agassi sempre quis mostrar que queria triunfar no ténis, no seu ténis, não à custa da riqueza ou influência da família, mas sim através da sua vontade, do seu amor ao ténis e, porque não, da sua rebeldia! Com isso, construíu uma montanha de admiradores e seguidores onde me íncluo orgulhosamente. Além disso, basta fazer uma pequena pesquisa na internet para averiguar a quantidade de obras de solidariedade, caridade e projectos culturais e educativos em que Agassi se empenha pessoalmente e que será agora a sua principal ocupação uma vez deixado o ténis...
Por isso, André, meu amigo, recebe mais este agradecimento do rapaz que, com 12 anos e com 40 graus no pico de verão ia bater bolas na parede para aprender a jogar como tu... tenho pena de não te ver mais na minha televisão (pelo menos em directo), mas trazes à minha memória as mais doces recordações desportivas que tenho da minha adolescência!
Para finalizar, gostaria de deixar aqui as últimas palavras que André Agassi deixou ao público que esteve presente neste seu último encontro do torneio do Open dos Estados Unidos: No marcador, não aparece a lealdade, generosidade, dedicação e inspiração que recebi. Vocês ajudaram-me a atigir os meus sonhos. Comentários para quê?
P.S. - apenas uma pequena nota: foi precisamente no Albi Sport Clube de Castelo Branco que eu conheci, pela primeira vez, a Ana Castro... temos boas e más experiências desse local, mas, pelo menos, foram vividas e sentidas! Desde namoros tempestosos (não, nunca tivemos nenhum caso!!) a literais tempestades... Ana, we will always have Albi! :)
Desta vez, foi mesmo uma despedida sem retorno... a de Steve Irwin, o extravagante e excêntrico australiano amigo dos répteis e que por diversas vezes foi convidado dos programas de Jay Leno e de Conan O'Brien! Sempre destemido, era frequente vê-lo com a cabeça dentro da boca de crocodilos, a segurar iguanas ou a deixar-se picar por inúmeros animais! No fundo, morreu como sempre viveu... enquanto filmava um documentário para a sua filha sobre os mais perigosos seres do mar, uma raia tocou-lhe perto demais no coração!
Ele despediu-se esta noite da alta roda do ténis mundial...
Foi a última troca de bolas num court de ténis para o Las Vegas Kid, conhecido em todo o mundo por André Agassi!
Durante mais de 2 décadas, espalhou perfume, magia, espanto e deslumbramento em muitos dos grandes palcos do ténis mundial... a sua longevidade sempre em alto rendimento fazem dele, desde já, um mito, principalmente quando viu partir muitos dos seus contemporâneos igualmente poderosos: Sampras, Jim Courier, Muster... segue-se o reinado de Roger Federer.
Agora, Agassi vai dedicar-se à família (juntamente com a sua mulher, a sempre atraente Stefi Graff) e aos seus projectos educacionais e de caridade!
In any case, were I to invoke logic, logic clearly dictates that the needs of the many outweigh the needs of the few!
Ou seja, o Gil Vicente, tal como qualquer outro clube, aceitou os termos e regras da FIFA para poder competir profissionalmente! Assim, se violou as leis da FIFA (não estou aqui a afirmar que as mesmas são leais ou nobres, porque não são!), deverá ser o clube em questão ser punido e, o mesmo, ter a grandeza de carácter de reparar que, se prosseguir com a sua teimosia, irá prejudicar catastróficamente muitos outros interesses! Se o Gil insistir, será uma violenta facada no futebol português que, curiosamente, até está em alta no panorama internacional!
Repito: o Gil, tal qualquer outro clube profissional, aceitou as leis da FIFA... violou-as, logo, tem de ser castigado... por muita simpatia que eu possa ter pelo clube de Barcelos (que, por acaso, até tenho!), a situação parece-me clara!
P.S. - seria interessante que os dirigentes do Gil Vicente e seus apoiantes observassem com atenção que a Juventus, em Itália, fez... assim que a FIFA ameaçou os clubes e a Selecção Italiana, o clube de Turim retirou imediatamente a acção que tinha em tribunal! Mas, como toda a gente sabe, o clube do galo de Barcelos é incrivelmente mais poderoso e orgulhoso do que "La Vecchia Signora "...
O fim de um jornalismo que estava muito longe de o ser! Usado como arma política da direita de Paulo Portas, nunca mudou muito ao longo do tempo! E é, também, o adeus sem muitas boas recordações para Inês Serra Lopes... não sentiremos a vossa falta!