terça-feira, setembro 12

O que é nacional (também) é bom!




Em Portugal (e não só) há a tendência miserabilista de considerar que, em termos musicais, tudo o que vem de fora é digno de nota e tudo o que é feito em Portugal nada vale. Com base nesta permissa se justifica a incapacidade das rádios nacionais cumprirem as quotas de música portuguesa e, inclusivamente, a sua existencia per se.
Não sou minimamente desta opinião embora considere que, a nível nacional e mundial, muito lixo seja produzido e elevado à categoria de obra prima. Não citarei para não ser veemente criticada mas, uma rápida análise pessoal rapidamente corroborará esta ideia.
Com este intróito apenas pertendia chegar a um nome, praticamente desconhecido do panorama musical nacional mas, cujo albúm mais conhecido, Por este rio acima, datado de 1982, foi considerado o melhor álbum dos anos 80. O nome é Fausto e este álbum é parte da nossa história enquanto nação e contém em si sentimentos que tão bem conhecemos: medo, desespero, o amor, o ímpeto da aventura. Mais que considerá-lo uma obra prima vejo este álbum como dotado de uma enorme sensibilidade, histórica e não só, e como uma cuidada concepção artística que vale a pena ouvir com atenção.
Numa primeira audição cuidada rapidamente descobrimos o seu mote: as façanhas de Fernão Mendes Pinto por terras distantes. No fundo, o mote somos nós e a nossa história. Numa segunda audição apaixonamo-nos pelas palavras, pela forma como Fausto nos enleia nas suas frases e pela maneira como nos traduz o que somos, a nossa natureza e o elemento que enquadrou a nossa história e nos caracteriza: a água.
Naturalmente sou suspeita pois cresci a ouvir este álbum e Fausto e seus amigos (Zeca Afonso, Zé Mário, Vitorino, Janita, Sérgio Godinho e outros que tais) fizeram parte da minha infância. Ainda assim arrisco falar dos ritmos tão nossos que Fausto utiliza, do quadro que pintou e que, para mim, deveria constar das "paredes" das nossas casas.

Powered by Blogger