Ao escrever este
post, já é domingo, dia 22 de Janeiro, dia de eleições presidencias; por isso, pronunciar-me sobre as mesmas é algo completamente legal, passado que está o
dia de reflexão. Mas pergunta-se o que há para reflectir...
Sejamos sinceros: tudo indica que Cavaco Silva será, logo à 1ª volta, o primeiro PR da direita no nosso país depois do 25 de Abril. Apesar de estar em queda clara nas sondagens, ainda vai a tempo de arrasar com toda a esquerda que não se soube encontrar e coordenar para estas eleições!
Se Jerónimo e Louça atribuem a culpa a Sócrates, é preciso não esquecer que estes 2 candidatos têm um campeonato muito próprio e tudo indica que Jerónimo será o vencedor, colocando (espera-se!) Francisco Louçã num humilhante último lugar nesta corrida... mas Louçã não terá qualquer contestação no interior do BE, quem o contestou já foi devidamente "corrigido".
A outra grande batalha da esquerda opõem Alegre e Soares; a última grande sondagem (a do
Expresso) coloca-os lado a lado, apesar de Alegre ter subido muito nos últimos dias, o que prova que Portugal é sobretudo um país de poetas e que ainda acredita no D. Sebastião! Alegre jogou com todas essas características que são tão lusas e isso pode-lhe trazer dividendos saborosos no resultado final, apesar de Alegre ter demonstrado uma incapacidade e uma inconsistência gritantes em todos os debates televisivos! O seu futuro dentro do PS é uma incógnita (pessoalmente, acho que expulsar Alegre é um
tremendo erro político!), mas já se fala até num eventual novo partido dirigido por ele. É um projecto que tem tanto de arriscado como de metafísico, mas Sócrates livra-se assim de uma ala radical e incómoda dentro do seu partido!
Para Soares é o fim da linha; deu tudo o que tinha e o que não tinha, com excessos que se compreendem face à distância que sempre o separou de Cavaco. Foi o único que conseguiu incomodar verdadeiramente o Professor de Boliqueime.
Sócrates e Cavaco Silva... pergunta-se também como será esta convivência; Jerónimo de Sousa tem razão quando diz que, com esta eleição, cria-se um bloco central em S. Bento e Belém e concordo em absoluto com ele... Sócrates tem de continuar a tomar medidas extremamente complicadas e que serão alvo de mais contestações sociais, medidas essas que vão ao encontro da filosofia económica de Cavaco Silva! Mas este é o cenário optimista... num cenário pessimista, em que Cavaco funcione como
força de bloqueio às políticas de Sócrates (ou se Cavaco quiser impôr à força as suas próprias medidas, o que é francamente provável!), então este governo socialista deverá seguir um caminho de vitimização face a Cavaco Silva. Sócrates e Cavaco têm perfis e personalidades semelhantes, mas não completamente parecidas; Sócrates é mais convicto, mais "sanguinário" e não se deixa atemorizar por nada que o afaste do seu rumo e, nos tempos que correm, isso acaba por ser uma enorme qualidade.
Sobre Garcia Pereira... bom, o melhor que há a dizer sobre ele já foi escrito por alguém com muito
mau feito e de uma maneira brilhante!
De qualquer forma, serão tempos diferentes os que chegam...