Páscoa
Custa-me o dia de Páscoa. Como me custa o Natal ou todas as festas de família que deixaram de ter sentido desde o dia em que o meu avô (o meu pai) nos deixou. Mando as mensagens de Boa Páscoa porque é quase uma instituição e se não o faço chovem insultos dos amigos e familiares. Mas não gosto da Páscoa.
Ainda assim hoje não saio de casa. A contradição instala-se. Vim de Lisboa propositadamente para almoçar com a família e sentir-me-ia mal se não o fizesse. E as recordações instalam-se. As férias da Páscoa passadas na aldeia com toda a família, a vontade de estar com os meus primos porque tinham um computador e que me deixavam o tempo todo a jogar pacman e solitário. A matança do porco. Fugir como o diabo da cruz quando vinha o padre com o menino para beijar (sempre achei uma valente porcaria). A missa a que sempre me esquivei. A alegria.
Que seca. Hoje sofro do síndrome do Peter Pan e apetecia-me parar o tempo no passado. Lá, bem longe, quando o mundo fazia sentido e como dizia Pessoa "eu era feliz e ninguém estava morto".
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