E pelos caminhos do Tio Sam...
Algumas palavras sobre os candidatos e o meu palpite...
George W. Bush
Bush júnior é, provavelmente, o mais contestado líder americano fora do seu país e razoavelmente contestado dentro de portas. Numa sondagem recente feita pela Universidade de Maryland, soube-se que a má imagem dos EUA no Mundo deve-se à acção deste cowboy do Texas, filho de um antigo Presidente americano e com fortes ligações ao mundo do petróleo saudita. O seu passado não tem nada de exemplar e não fosse o facto de vir de uma das mais poderosas famílias americanas e seria mais um desempregado no seu país.
Bush chegou à presidência através de um complicado e muito polémico processo eleitoral registado na Flórida (governado por um seu irmão, Jeb Bush) onde terá ganho apenas por uma margem de 500 votos.
Durante a sua presidência, foi óbvia a influência dos mais poderosos lobbies que sempre o acompanharam (relembre-se que Dick Chenney, o Vice-Presidente, também vem do mundo do petróleo) e, após o 11 de Setembro de 2001, passou a considerar como o seu objectivo principal a luta contra o terrorismo, personificado em Bin Laden primeiro e, mais tarde, em Saddam Hussein. Um ainda anda a "laurear a pevide", o outro está em parte incerta e envolvido num julgamento fantoche porque já toda a gente sabe o desfecho final do mesmo!
A principal arma de Bush para estas eleições é o facto de ser uma pessoa que consegue gerir muito bem as baixas expectativas que recaem sobre ele; de facto, foi assim que ganhou a Al Gore! Consegue surpreender quando todos o julgam demasiado frágil e, a verdade, é que ele é mesmo uma pessoa com reduzidas capacidades de liderança e com um raciocínio muito pouco lúcido; vale-se de uma equipa que o controla e o protege de uma maneira extremamente eficaz, ou não fosse essa a marca do Partido Republicano.
John Kerry
De todos os candidatos às primárias do seu partido era, quiçá, um dos que tinha o menor carisma. John Kerry tem um passado militar que fala por si e que usa abundantemente para se demarcar do seu oponente. Casado com uma das mulheres mais poderosas do mundo dos negócios (Teresa Heinz - uma "portuguesa" que já fez questão de dizer publicamente que nada sente pelo nosso país!!), Kerry tem feito uma campanha condizente com a sua personalidade: um bocado apagada (falta claramente muita chama), apoiando-se muito em clichés e muito conformada! Gabe-se a escolha de Edwards para Vice-Presidente, uma maneira de tentar ganhar votos noutros eleitorados mais sulistas e mais jovens.
Kerry tem um grave problema de imagem e está muito longe de ter o charme de Clinton, o seu antecessor no partido. O seu discurso muito politicamente correcto pode-lhe valer alguns votos, mas nunca votos decisivos. Aliado a isto, Kerry não pode contar com a ajuda sempre mediática da sua esposa, uma vez que Teresa Kerry é uma pessoa extremamente polémica na maneira como aborda as questões políticas.
Prognósticos
Bush vai vencer e, possivelmente, com maior facilidade do que se poderia esperar; se, porventura, a Al-Qaeda decidir cometer alguma gracinha , tal irá beneficiar ainda mais o candidato republicano, pois os americanos irão sempre previligiar alguém que já está no poder e que, de uma maneira brutal, deu provas que não hesitará em entrar em guerra contra o que quer que seja!
Kerry cometeu alguns erros básicos: fez demasiadas críticas ad hominen, centrou muito o debate na questão da guerra do Iraque, argumento que se esgotou muito rapidamente! Além disso, a maneira desastrosa como atacou a vida familiar de Dick Chenney (em especial a preferência sexual da sua filha), foi um autêntico tiro no pé! Não tenho quaisquer dúvidas que Kerry daria um bom Presidente mas, para já, está a provar ser um péssimo candidato a Presidente!
Bush vai vencer porque é um mal menor e porque Kerry não soube encostá-lo à parede em questões fundamentais como, por exemplo, a Medicare, uma espécie de Segurança Social dos EUA, em que Bush pouco ou mesmo nada fez e que continua pelas ruas da amargura! E Kerry também não soube explorar a questão do desemprego e a economia que Bush eficazmente destruíu em tão pouco tempo e que Clinton extraordinariamente construíu em 2 mandatos!
Bush também vai vencer por uma outra razão: numa terra em que quem tem dinheiro tem tudo, a carteira republicana é (sempre foi!) bem mais pesada do que a carteira democrata! E nem mesmo um inspiradíssimo Michael Moore consegue dar a volta a essa questão..
Uma nota final para a abstenção: irá ser mais baixa do que em anos anteriores, assim se espera! O povo americano deve ter percebido o quão importante são estas eleições e certamente que, desta vez, não vão entregar o destino da sua nação e do Mundo a apenas 25% da sua população! Assim se espera... assim se espera...