quinta-feira, outubro 7

Pereira & Marcelo

Pereira

José Pacheco Pereira (JPP), no seu Abrupto, diz-nos o seguinte em relação à referência que Sócrates fez de Kennedy: (...) Dizer que Kennedy é da "esquerda americana" é no mínimo bizarro. Kennedy, o amigo da Mafia, o invasor da Baía dos Porcos, o "eu sou berlinense", encaixa mal na classificação, se a levarmos a sério. Já Lyndon Johnson, por estranho que pareça, encaixa melhor.

JPP até pode ter razão (afinal, nunca se saberá quem verdadeiramente comanda os EUA, se o seu Presidente ou alguns poderes ocultos); até pode ser uma crítica inteligente! Mas o que JPP se esqueceu de dizer é que foi o próprio Kennedy quem conseguiu fazer uma façanha que poucos políticos no Mundo e na História da Humanidade atingiram: a recuperação da fé, da força e do orgulho de um povo! De facto, os EUA antes de Kennedy viviam tempos de alguma instabilidade económica, desemprego e uma total descrença nas suas capacidades enquanto nação. Hoje, Portugal tem, mais até do que uma crise económica, uma falta de identidade, um povo que não se revê em si próprio e que não sonha para si nada mais do que sobreviver até à próxima estação do ano! Kennedy fez sonhar os americanos, levou-os literalmente à Lua (um sonho de Kennedy que o mesmo não chegou a ver realizado!) e restaurou a sede de ambição e de força dos EUA!

Se Sócrates apenas conseguir isso (o que já é algo de enorme!), será eternamente relembrado; mas vivemos no país dos ses...




Ainda Marcelo

Carl Sagan, no seu extraordinário livro Um Mundo Infestado de Demónios, conta-nos, a propósito da realidade americana, mas que em tudo se pode aplicar à nossa própria: A consciência do valor da liberdade de expressão e das outras liberdades consignadas na Declaração de Direitos, do que acontece quando não as temos, e de como as devemos exercer e proteger, deveria consituir um pré-requisito essencial para se ser cidadão americano - ou, em boa verdade, um cidadão de qualquer país, e tanto mais quanto menos protegidos estiverem esses direitos. Se não formos capazes de pensar por nós próprios, se não estivermos dispostos a questionar a autoridade, ficamos nas mãos dos que detêm o poder. Mas se os cidadãos tiverem um bom nível educacional e souberem formar as suas próprias opiniões, os detentores do poder trabalham para nós.
Em todos os países devíamos ensinar às crianças o métodp científico e o interesse de uma Declaração de Direitos- Isto trará alguma decência, alguma humildade e algum espírito comunitário. No mundo infestado de demónios em que vivemos pelo facto de sermos humanos, isto pode ser tudo o que nos separa da escuridão envolvente.


Palavras para quê?



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