A perda de um grande homem...

Sérgio Vieira de Mello, o homem encarregado pela ONU para fazer reerguer o Iraque foi uma das vítimas do brutal e inexplicável atentado que se realizou ontem de tarde em Bagdad.
Primeiro o acto: a ONU foi uma das organizações que mais fortemente se opôs à intervenção militar levada a cabo pelos americanos e britânicos no Iraque; a ONU não tem qualquer fim militar; a ONU estava em missão de paz e reconstrução no Iraque; a ONU estava a prestat um serviço de incomparável necessidade ao povo iraquiano. Por tudo isto e muito mais, é incompreensível a razão pela qual a ONU tenha sofrido este ataque! Há quem diga que o visado neste atentado foi o próprio Sérgio Vieira de Mello; porém, não nos dizem porquê!
Étambém um atentado tacticamente confuso: em vez de aprofundar as relações e opiniões entre a coligação e o resto do mundo, este acto veio unir as vozes à volta do sentido da mesma coligação.
Desde logo, os altos responsáveis da ONU vieram a público dizer que este atentado reforça ainda mais a vontade dessa organização prosseguir o seu trabalho em prol dos iraquianos. E outra coisa não seria de esperar, pois este atentado foi um atentado aos regimes democráticos e aos esforços de cooperação e solidariedade mundiais. Mas este atentado também nos mostra como é frágil a rede de segurança criada pelas forças da coligação naquele pais.
Passemos ao homem: Sérgio Vieira de Mello. Diplomata de prestígio internacional, começou desde muito cedo a trabalhar na ONU. Era um homem discreto e que trabalhava com uma perfeição notável nos momentos e locais de maior perigo e emergência. Ele era apontado como o mais forte candidato à sucessão de Kofi Annan e tal cargo estaria, de facto, ao nível da sua qualidade enquanto homem, enquanto diplomata e enquanto construtor de nações!
A partir de hoje, muita coisas vai mudar no Iraque. Espera-se com alguma expectativa pelo nome do sucessor de Vieira de Mello, na certeza porém de que muito dificilmente o próximo esteja à altura do anterior.
Hoje deveria ser dia de luto também em Portugal e também em Timor Leste.