sexta-feira, julho 18

Contextos

Entrevistas
Esta semana, respectivamente na RTP1 e na SIC Notícias, Durão Barroso e António Vitorino decidiram falar aos portugueses. Com temas e orientações diferentes, ambas as entrevistas tiveram interesse e quer Durão Barroso quer António Vitorino mostraram estar à vontade nos temas abordados.
Durão Barroso, aparentemente gozando de um período de maior acalmia política, mostrou uma tranquilidade que não lhe é muito habitual. Não podemos dissociar tal postura com o que o motivou a dar tal entrevista: Durão Barroso tinha uma boa notícia a dar! Ainda por cima, uma notícia boa e popular: a economia portuguesa já dá sinais de recuperação e, em 2004, já entramos claramente em crescimento económico (isto apesar do Banco de Portugal afirmar que apenas em 2005 é que teremos algumas núvens fora do horizonte!).
O timing escolhido por Barroso revela uma certa inteligência: os portugueses (os que podem!) vão de férias, o calor e o descanso trazam uma maior receptividade e alegria; por isso, junta-se uma boa notícia a este clima psicológico e o Governo recupera a imagem.
Explica-se, assim, a calma de Durão Barroso; para além das férias dos portugueses, os nossos políticos também parece que já entraram de férias (ou será em trabalho político?), tal não é a tranquilidade política em que vivemos. A única fonte de preocupação séria deste governo - o caso Moderna/Paulo Portas - já veio, aconteceu e nunca mais voltará e até mesmo o protesto dos taxistas não beliscou a tranquilidade governamental. Por isso, e caso não ocorra mais nade de extraordinário (ou, por outro lado, caso não seja preso preventivamente mais nenhum político ligado ao processo Casa Pia), Durão Barroso pode, sossegadamente, ir de férias.
Quanto à entrevista de António Vitorino, assistimos a um exercício de sedução política pura. De facto, o ex-ministro da Defesa de Guterres veio passear um pouco do seu charme e demostrou de uma maneira inequívoca o porquê dos elogios que calorosamente Romano Prodi faz questão de demonstrar em praça pública. Com uma clarividência e um estilo pedagógico de mais alto nível, Vitorino demostrou porque precisamos de uma Constituição Europeia e que perigos reais o nosso país irá ter de combater com a entrada dos novos países membros na UE. António Vitorino apenas terá pecado numa questão: não explicou convenientemente o porquê da existência e sustentação do chamado Directório - estrutura composta pelos maiores e mais poderosos países da UE (França, Alemanha, Itália...) e que, em bom e claro português, apenas irá servir para ditar o futuro funcionamento e redes de influência da UE. E a questão do Directório é algo que muita gente ainda não percebeu e Vitorino também não soube explicar...
Numa altura em que tanto se protesta em relação à suposta vontade unilateral dos EUA querem dominar o mundo, é preocupante ver o que estão a fazer no nosso "quintal"!
A entrevista de Vitorino é também uma entrevista que não revela uma escolha estratégica em termos de timing. Vitorino ainda continua as suas funções enquanto Comissário da Justiça da UE e é um forte candidato para Secretário-Geral da NATO e enquanto as suas ambições políticas internacionais não se esgotarem, Vitorino não volta para casa. E quando voltar todo o mundo da política portuguesa vai entrar em agitação...

Menezes e os seus dois amores...
O presidente da Câmara Municipal de Gaia, Luís Felipe Menezes, anunciou, quase descaradamente, que vai ser candidato à Câmara Municipal do Porto. E pode até mesmo concorrer sem o apoio do PSD.
O amor de Meneses pelo Porto não é de agora e foi tudo menos secreto. Mas o povo de Gaia não se importou de ter um presidente com os pés em Gaia e a cabeça no Porto; e fez muito bem porque, de facto, Meneses está a fazer um excelente trabalho em Gaia.
Políticamente, esta jogade de Meneses tem um grau de risco elevadíssimo. E penso que Meneses jogou mal, muito mal, o que não deixa de ser muito estranho para um homem com a inteligência política de Meneses. Falta ainda muito tempo para as próximas eleições autárquicas e um anúncio destes corre o risco de se desgastar com o tempo e de desgastar a figura políticas de Meneses e o seu relacionamento com as estruturas distritais e nacionais do PSD. De uma maneira bastante deselegante e violenta, os líderes distritais do PSD reagiram e reafirmaram que o candidato do PSD pelo Porto será Rui Rui (outro erro polítioc infantil e evitável!) e que isto não passava de mais um momento de falta de lucidez de Meneses.
Porém, Meneses, na sua apreciação ao combate político pela Câmara do Porto, revelou, isso sim, uma grande lucidez! Rio é um candidato perdedor nas próximas eleições, independentemente do que ainda venha a fazer, e Menses, com um passado e um presente que fala por si, seria um candidato imbatível da direita para a cidade do Porto. e o PS não tem fortes candidatos para o Porto - Meneses facilmente ganha aos nomes já ventilados (recandidatura de Fernando Gomes, Francisco Assis, Nuno Cardoso...). Por isso, Meneses seria uma escolha natural para suceder a Rio e o PSD apenas tinha a ganhar com isso... Meneses provavelmente deu um tiro no pé e se perder esta batalha é por sua única culpa!


Ferro Rodrigues e o IRS de Guterres
Ferro Rodrigues, em entrevista à SIC Notícias, disse que discordou na altura com o descréscimo no IRS que Guterres provocou nas famílias portuguesas. Rapidamente se disse que, uma vez mais, Ferro Rodrigues demostrou alguma falta de cortesia ao criticar publicamente o Governo de que fez parte. Pouco depois da queda de Guterres, muitos foram aqueles que o criticaram publicamente. E, depois, muito se criticou as pessoas que o criticaram. A questão não está em saber se é permitido ou não criticar - por alguma razão se fez a Revolução de Abril! A questão é dupla: o relevante é saber como se critica e se há razões para se criticar. E Ferro Rodrigues foi educado e decente na sua crítica e, além disso, tem a lógica dos números do seu lado! Por isso, Ferro Rodrigues comportou-se dignamente. Criticou mas não desprezou as suas raízes!



Notas da Semana

Lixa a concelho - e Lixa quer ser concelho. Na semana passada já tinha alertado para este problema! Vamos ter um verão cheio de pedidos populares. Jorge Sampaio já disse que não gosta muito de ver a criação de concelhos à la carte. E prepara-se para contrariar o Governo quando este quis elevar Fátima e Canas de Senhorim a concelho. No fundo, se calhar tudo isto não passa de uma inteligente estratégia do Governo: cumpre uma promessa eleitoral mas sabe que o PR iria vetar; assim pode dizer às populações: "nós fizemos o que prometemos"!

Golpe de estado em S. Tomé e Príncipe - veio na pior altura para os S.Tomenses...o FMI preparava-se para rever e anular a dívida externa deste país mas, face aos últimos acontecimentos, não se sabe que decisões poderá tomar.
É interessante reparar também a enérgica e rápida tomada de posição da aparentemente defunta CPLP - Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Um sinal de vida que pode ser bastante importante para o futuro desta comunidade que ainda passa por uma crise de identidade...

Futebol: jogadores emprestados - finalmente a Liga Portuguesa de Futebol toma uma decisão que todos os intervenientes do mundo do futebol há muito reclamam: jgadores emprestados por clubes podem jogar contra esses mesmo clubes. Até agora era normal que um jogador d eum grande emprestado a um clube de menor dimensão não pudesse jogar contra esse mesmo grande. Para além de ser ridículo, seria uma ocasião perdida para testar como joga esse jogador contra uma grande equipa e testar o seu profissionalismo!
E este sábado temos já o primeiro Benfica-sporting (amigável!!)...

Quer ler?
De novo a ficção científica e para falar da saga de Rama de Arthur C. Clarke. É um conjunto de 4 livros que nos contam a história de uma misteriosa visita de uma nave de uma outra civilização. Os humanos, mais uma vez levados pela curiosidade, investigam, perdem-se, acham-se...uma das sagas mais notáveis de Sir Arthur C. Clarke e que, aparentemente, vai ser transposto para o cinema.






Melodias
A sugestão desta semana vai para Leonard Cohen e o seu magnífico albúm Ten New Songs. Uma música suave e uma voz única



TV - para que te quero?
O destaque desta semana vai para o programa Conversa Afiada, da SIC Notícias e que é conduzido por Maria João Avillez. A jornalista coloca toda a sua inteligência e capacidade organizativa neste programa. Sempre com personalidades interessamtes, sempre com conversas profundas!

E esta semana ficamos por aqui...

FMSG

Que os céu não nos caia na cabeça!


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