terça-feira, julho 18

A um Soba...

Um dia, quando a ternura for a única regra da manhã,
acordarei entre os teus braços.
A tua pele será talvez demasiado bela
e a luz compreenderá a impossível compreensão do amor,
Um dia, quando a chuva secar na memória, quando o inverno for
tão distante, quando o frio responder devagar como a voz arrastada
de um velho, estarei contigo e cantarão pássaros, haverá flores, mas nada disso
será culpa minha, porque eu acordarei nos teus braços e não direi
nem uma palavra, nem o princípio de uma palavra, para não estragar
a perfeição da felicidade.

José Luís Peixoto

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