segunda-feira, fevereiro 13

Munich


Fui este fim de semana ver o último filme de Spielberg, Munich. Admito que a curiosidade era bastante acentuada, primeiro pelos acontecimentos recentes a que o filme é, naturalmente, alheio, depois porque Spielberg é, também, realizador da Lista de Schindler que, embora pegando numa temática algo diferente poderia ter condicionado juízos de valor por parte de realizador. E, pelos vistos, criou. Saí do cinema irritada. Fez-me uma profunda confusão a bestialização e silenciamento a que o mundo árabe foi votado e que contrastou com uma pintura totalmente heróica de Israel. Quem não conhecia a história do atentado à comitiva israelita na cidade olímpica e os conflitos do Médio Oriente saiu do cinema com uma visão maniqueísta e totalmente americanizada da história em que os Israelitas são os bons da fita, sofredores durante toda a história da humanidade e ainda mais no século XX pelas mãos de Hitler, o que lhes dá o mote para qualquer tipo de retaliação bestial e utilizando os métodos que tanto abominam. O mundo árabe é , por sua vez, um conjunto de infieis, os maus da fita, desprovidos de voz, de raízes, de sentimentos e nascidos para matar, uma espécie de "sem terra", que tentam vilmente roubar Israel aos judeus.
Ainda que apenas um filme, parece-me perigoso nos dias que correm e não abona nada para a consciencialização do Mundo para o problema do conflito israelo-árabe.
Mas nem tudo foi mau. Independentemente das convicções de cada um o filme estava bem conseguido, com uma fotografia fantástica e uma banda sonora deliciosa, conseguindo prender o espectador ao ecran durante as três horas de filme.
E melhor ainda foi a lembrança que ficou de uma excelente companhia e de uma noite bem passada, penso eu que cada vez menos com a terrível mania de chasing mice in the skull...

Powered by Blogger