quarta-feira, janeiro 9

Clinton, McCain... "the comeback kids"

A vitória de Clinton e de John McCain nas primárias de New Hamshire representam ideias e forças diferentes para cada uma das candidaturas; apesar de tudo, e como bem referiu Lou Dobbs, um dos mais prestigiados jornalistas da CNN, é absolutamente ridículo pensar-se que tudo está decidido, que estas primárias em New Hampshire e Iowa representam um fim, em vez de um início! Para temos uma ideia, neste preciso momento ainda não votaram nem 1% de todos os militantes de cada partido! Será nos Estados mais fortes que tudo irá ficar decidido...

Hillary Clinton
Partiu para estas primárias com 2 fortes obstáculos a contornar: a vitória de Obama em Iowa, onde ela era apontada como a vencedora e, sobretudo, teria que ultrapassar a vantagem de 2 dígitos que Obama detinha em New Hampshire.
Digamos que, à partida, Clinton seria um Obama em New Hampshire... contra todas as expectativas estatísticas, Clinton ganha! O que foi decisivo? Sobretudo 5 factores:
1. o voto urbano, que beneficiou largamente Hillary, sobretudo na cidade de Manchester;
2. o voto das mulheres, que, neste estado, reconciliaram-se com Hillary;
3. a surpresa dos universitários: a meio da madrugada sentiu-se algum receio com os 2.000 votos a mais dos universitários que Hillary não esperava e que, teoricamente, iriam para Obama... aconteceu o contrário;
4. Bill Clinton: a mulher estava em (alguns) apuros, eis que aparece um dos trunfos de Hillary! Bill esteve lá, presente, forte, implacável para com Obama, usando todo o seu prestígio e fez recuperar mais de 10% no resultado final;
5. a máquina de Hillary finalmente aplicou-se, com uma intensidade inteligente nas regiões mais urbanas e em acções de última hora.

Mas Hillary ainda precisa de ajustar melhor o seu discurso; a força do discurso do Obama centra-se no "we" e o de Hillary no "I", ou seja, Obama está constantemente a apelar ao esforço colectivo, enquanto que Hillary centra muito o seu discurso na sua pessoa, não aponta desígnios mobilizadores. Mas ainda está muito a tempo...


John McCain
A vitória deste veterano de guerra era, de certa forma, previsível, apesar de ser sempre mais um balão de oxigénio; lembremos, de novo, a estratégia de Giuliani: está a deixar cair os estados mais fracos e a concentrar a sua artilharia pesada nos mais fortes!
McCain investiu muito tempo e algum dinheiro neste estado, que já lhe tida dado a vitória contra Bush nas últimas eleições. E McCain precisava urgentemente desta vitória, apesar de não ser certo até onde e quando serão sentidos os efeitos positivos da mesma. De qualquer forma, a sua mensagem foi mais forte que a fortuna pessoal de Romney (que continua a desiludir!) ou a dinâmica de vitória de Huckabee.

A quem tem de agradecer McCain por este resultado? Sobretudo aos independentes, uma vez que, neste estado, a eleição é aberta a militantes e a independentes. E é nesta fracção que John McCain consegue mobilizar simpatias, uma que que, dentro do partido, ele não é muito bem visto! Os problemas para McCain começam agora: em estados de votações destinadas apenas aos militantes, como é que McCain vai vencer a força de Romney e Giuliani?


Um aspecto final: temos assistido, nestas eleições, a um fenómeno que, apesar de ser tradicional, tem sido cada vez mais predominante no sentido de voto dos eleitores! Refiro-me ao destaque que se dá cada vez mais às qualidades e defeitos pessoais de cada um dos candidatos em vez de os mesmos serem julgados pelas suas posições em relação às questões fundamentais de qualquer governação! Quando, nestas eleições, for comentado de uma maneira mais cirúrgica, temas como o Iraque, a economia (que está a atravessar maus bocados!) ou a emigração ilegal, então nessa altura é que podemos avaliar a solidez dos candidatos! E, nessa altura, presumo eu, Clinton e Giuliani irão claramente descolar-se dos seus restantes rivais!

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