segunda-feira, dezembro 11

And the worst book of 2006 goes to...




O livro de Carolina Salgado, Eu, Carolina, é, sem dúvida, um atentado terrorista a todos aqueles que gostam do mundo dos livros. Não é pela personagem em si, é pelo teor e intenção que o livro da ex-companheira do Presidente do FCP reserva no mesmo.
Há, obviamente, partes do livro que devem ser alvo de uma profunda investigação por parte da equipa do Apito Dourado, mas tudo o resto é uma mistura de muito mau gosto com uma sede de vingança doentia. Carolina Salgado partilha com os seus leitores (??) várias mensagens de cariz (muito) íntimo que terá trocado com Pinto da Costa e só esse simples facto é suficientemente grave para questionar a integridade deste livro; há certos episódios e registos da vida emocional de uma pessoa que deve ficar para si, em si, para sempre! Em coerência com isto que defendo, gostaria também de assinalar, por exemplo, que nunca percebi como é que um vulto da nossa literatura - António Lobo Antunes - alguém que defende tanto a sua privacidade, permitiu a publicação das cartas de amor que escreveu à sua mulher em D'este Viver aqui Neste Papel Descripto. Não é elegante, é uma invasão de privacidade, principalmente se os autores e actores do mesmo ainda estão no reino dos vivos (foram publicadas também algumas cartas de amor de Fernando Pessoa, mas a situação é radicalmente diferente!).

Voltando a Carolina Salgado, admire-se (minimamente) a coragem que teve em expôr a suas origens... a ex-alternadeira do Calor da Noite confirma os vícios, locais e práticas de muitos dos elementos da Direcção do FCP e isso só espanta quem não vive e convive com o Porto e os seus habitantes. Mas a coragem de Carolina fica por aí, nada mais no livro é minimamente interessante e apenas poderá interessar a essa grande faixa de portugueses que têm um grande interesse pela bisbilhotice alheia, pela ralé da nossa cultura e pela fraqueza e indignidade da condição humana! Carolina Salgado presta, a si próprio, um mau serviço e todos aqueles que a adoram (nomeadamente muitos benfiquistas!) são os mesmos que há bem pouco tempo atrás a tinham como inimiga mortal e referenciada com todos os nomes do vernáculo português!

Uma última nota que me parece importante: muito se tem dito e comentado em relação ao sucesso de vendas deste livro, esgotado, pelos vistos, em muitos locais de venda! Atente-se, em 1º lugar, ao número de exemplares desta 1ª edição - muito reduzido em função da esperada procura! Este tem sido um golpe de marketing que sistematicamente as editoras portuguesas (e não só!) têm feito: uma 1ª edição de pouca quantidade para, depois, dizer-se imediatamente que o sucesso foi tremendo, passando logo para uma 2ª edição (que, presumo, também não seja de grande quantidade!)! Por isso, o êxito é relativo e difícil de apurar... de qualquer forma, é mais um indicador do analfabetismo cultural dos portugueses!

P.S. - sou benfiquista, logo, livre de qualquer suspeita de condicionamento clubísitico!

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