O espírito natalício
Não gosto do Natal.
Parece cruel mas é uma realidade. Desde que me conheço e que reconheço em mim algum espírito crítico que nunca gostei. Irrita-me.
Faz-me confusão as músicas natalícias que me soam sempre ao mesmo, num ritmo compassado, monótono, excessivo e irreal, alardeando e impingindo uma felicidade que não existe.
Irrita-me a cidade subitamente enfeitada, qual gaiola dourada, como que esquecida de todos os problemas que a assolam.
Irritam-se as hordas de pessoas a caminho dos centros comerciais, momentaneamente cientes que têm familiares e amigos que convém presentear, num hipócrita e interesseiro intuito de ficar bem na fotografia e obter o máximo de presentes possível.
Irrita-me as pessoas que vão à missa do galo, que entram na igreja com ares de católicos convictos, mas que suspiram e rogam pragas ao padre, pelo sermão secante e a história mil vezes repetida do Cristo que morreu pela humanidade.
Irrita-me o vermelho, ficava muito melhor o preto.
Irrita-me o Pai Natal e as mentiras que contam às criancinhas.
Mas acho que o problema é meu. Não vou achar que o mundo anda todo ao contrário e eu é que ando em passo certo, qual arauto da boa nova. O melhor é mesmo deixar o mau feitio de lado, colocar um sorriso de Knecht Rupert e fazer as últimas prendas de Natal antes que seja deserdada pela família.
Nunca mais é dia 6 de Janeiro!!
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