segunda-feira, dezembro 5

Debate: Cavaco/Alegre

Não foi um debate particularmente rico... mais grave do que isso, foi preocupante ver que, em alguns pontos, quer Alegre quer Cavaco não mostraram a segurança e o estudo necessário para responder às perguntas (bem escolhidas!) de Ricardo Costa e Rodrigo Guedes Carvalho.



Alegre e Cavaco mantiveram a correcção e o fair play e essa deve ser uma nota bem positiva a realçar; aliás, Alegre recusou-se deliberadamente a contestar abertamente Cavaco Silva em relação ao seu passado e aos seus projectos para o futuro! Cavaco agradeceu e irónicamente retribuíu, elogiando o carácter supra-partidário da candidatura de Manuel Alegre.

Foi interessante verificar que ambos reclamaram legitimidade para defender os seus saberes técnicos: Alegre na Língua Portuguesa e Cavaco na economia; e quando um ou o outro tentaram invadir terreno alheio deram-se mal! Alegre mostrou-se fraquíssmo ao falar de temas económicos e legislativos (refugiou-se nos habituais chavões fugas políticas, dizendo que como PR tentaria conciliar tudo e todos) e Cavaco Silva não conseguiu articular uma única palavra no campo fora da economia.

Cavaco Silva teve afirmações (uma vez mais!) preocupantes no que diz respeito ao seu entendimento sobre até onde vão os poderes e responsabilidades de um PR, nomeadamente sobre o poder executivo de um Primeiro-Ministro... não desmentiu a ideia que já tinha avançado sobre sugerir legislação (tarefa de um Governo) e, pior, caso um Governo não aceite as suas ideias poderá ele próprio agir contra esse próprio Governo! Cavaco foi extremamente claro nessa matéria e Manuel Alegre não soube explorar minimamente essa questão (Soares não cometerá esse erro!).

A 2ª parte começou com o debate sobre o momento actual das Forças Armadas. Nem um nem o outro souberam defender uma ideia sobre isso e ficou a sensação de que ambos queriam despachar esse tema o mais depressa possível.

Nas notas finais não houve preparação! Pediu-se confiança, falou-se em economia mas nada de verdadeiramente apelativo!

Como conclusão: Cavaco Silva foi igual a si próprio... não deslumbra, remete-se teimosamente a assuntos de economia e nada mais! Não traz chama e não consegue inspirar. Mas, nesse ponto em que Alegre poderia levar a melhor, ficou uma tremenda desilusão sobre a postura de Manuel Alegre: estava mal preparado, ligeiramente nervoso e não apresentou questões concretas sobre como elevar o moral do povo português.

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