terça-feira, novembro 8

A culpa é dos velhacos dos Americanos!!!

Dediquei alguns longos minutos do meu precioso tempo de folga semanal a ouvir o Fórum da TSF; o tema de hoje foram os acontecimentos violentos que se passam em Paris (e não só)! Como é óbvio, várias chamadas de ouvintes e alguns notáveis (entre eles Eduardo Prado Coelho e Eduardo Lourenço) comentaram, em tons que vão desde a calma absoluta ao extemo fanatismo, esta actualidade...



Não foram nem 1, ou 2, ou 3 ouvintes... foram uns 6 ou 7 que encontraram um (quase exclusivo) culpado pela tragédia parisiense: os Estados Unidos da América!!!??? E qual o argumento: então não é que os sacanas dos americanos estão a importar o sistema de segurança social deles para a Europa, provocando, assim, uma total injustiça social? Até Eduardo Lourenço alinhou nesse diapasão...

Que eu saiba (e eu sei muito pouco!), o sistema de segurança social francês, tal como o espanhol, o italiano ou o português, não corre o sério risco de ser privatizado... é verdade que já se fala nisso há algum tempo, mas falta a vontade e coragem política para o fazer! Os Estados Unidos nunca impuseram (nem teriam meios para tal e eles próprios estão também a ter problemas muito semelhantes nesse campo) o sistema social deles; na maior parte da Europa reina aquilo que se chama de Estado-providência, que mais não é do que acarretar para o Estado e para as contas públicas todas as responsabilidades sociais (e não só!) dos cidadãos! E, tal como tem vindo a acontecer em toda a Europa (até mesmo nos países escandinavos), este é um regime que está a falir a passos largos, porque o envelhecimento progressivo da população e a baixa natalidade europeia não permitem sustentar durante muito tempo este modelo, aliando-se a estes factores, também, o aumento da esperança de vida! Por isso, aumentar a idade da reforma faz sentido neste contexto de asfixia das contas a futuro próximo da segurança social! É importante que se diga que, na realidade portuguesa, os actuais contribuintes estão a descontar para a reforma dos actuais reformados e não para as suas... e isto, meus amigos, um dia vai estourar! Resta saber se numa escalada de violência ou numa conferência de imprensa de um nosso futuro Primeiro-Ministro a dizer, pura a simplesmente, que não há mais reformas para ninguém...

Já venho a dizer há muito tempo que vou ter de trabalhar até aos 90 anos para sobreviver; tenho amigos que gozam comigo, mas tenho outros que já começam a acreditar nesta minha triste profecia...


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